sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nova Musica Brasileira

O Holandes Rastejante e o seu Cerebro de Ervilha (ou seja, eu e o meu neuronio de estimacao) esta muito bem em casa, quando uma amiga esgroviada liga e diz: “Olha, tamos aqui ao lado de tua casa, no Muziekgebouw. Passa por ca!”. E eu, ainda mal refeito de um extenuante dia de trabalho, fui em modo hipnotico pra cima da bicla, e la me arrastei os 400m ate ao fundo da rua.

O Musiekgebouw e a Casa da Musica ca do sitio, e fica literalmente ao fundo da minha rua, a boiar sobre o ‘mar’ de Amsterdao, o IJ. Primeiro desafio: a entrada e uma rampa, entre um viaduto e o ultimo piso do edificio, com um vao descomunal por baixo. A rampa e solida, mas como a proteccao lateral e apenas constituida por fios de aco, o horizonte visivel chega ate a agua que passa por baixo de nos. E eu tenho vertigens… Segundo desafio: encontrar a esgroviada e a sua amiga no edificio. Aquilo tem dois restaurantes, uma esplanade, e estava tudo a pinha. Para ajudar a festa, portuga que se preze nao e grande. E de facto, la estava ela por detras de um….turbante! Sim, tambem ha disso por aqui.

Abancar, apresentar os desconhecidos, divagar sobre as saladas do menu -muito boas, por sinal-, e descobrir q a amiga e outra tuga, simpática, perdida na terra das socas, trabalha em biotecnologia, e originalidades das originalidades: tem um blog! Original mesmo, e que uma tuga em Setembro consegue estar mais branquinha que os holandeses que a rodeiam. Como diria o Ali G: Respect!

Entre duas garfadas e uns bitaites: “-ah e tal, nao queres vir ao concerto connosco?
- Humm… E o concerto e o q?
- Nova musica brasileira. Parece muito fixe!
- Euh…. Bom, entao nao tenho nada de util que fazer esta noite, e esta semana nao fui ao SneakPreview. Ondek se compra o lhete?”
E la fui eu a procura da bilheteira. Ao lado, la estava o poster do dito concerto: “Nova Musica Brasileira by Nieuw Ensemble”. O meu 6o sentido adquirido ao longo de dez dolorosos anos na Academia de Amadores de Musica tilintou, mas como esta tão enferrujado como o meu solfejo, não liguei. Coisas tocadas por ‘Ensembles’ não costumam ser recomendáveis.

La entramos, com direito a um livrinho tipo opera, e demos de caras com um auditório bastante composto, mas com uma audiência…euh…mista. Desde a avo do violonista ate ao pseudointelectualoide armado ao pingarelho, tava la de tudo. Segundo o livrinho, iríamos assistir a 7 pecas de compositores comtemporaneos brasileiros, elaboradas especialmente para aquele evento e para aquele ‘ensemble’. As festividades começaram com “Dois pássaros mecânicos e uma gaiola melancólica”….e a partir dai foi sempre a descer. Como vem sendo normal na musica clássica de vanguarda (note-se o ridículo dos termos) o guitarrista fazia percussão no corpo da viola, e um dos instrumentos do percussionista era um saco de plástico amarelo pendurado num suporte de um microfone. E claro, não esquecer o baixista que largava o instrumento para tocar…lixa. Sim, junto a partitura, tinha 2 pedacos de papel de lixa que esgravatava afincadamente quando o maestro lhe fazia sinal.

Nos, os 3 estarolas, já so nos riamos. O que esperar do próximo trecho? Como se veio a confirmar: pouco, muito pouco. A coisa não melhorou. Mas fica a memoria de uma noite diferente, e de mais uma historia para contar aos netos!