segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Regresso atribulado/mais uma vez

Por esta altura, já o caro leitor se encontra a bocejar: "este gajo arranja sempre uns filmes da treta quando regressa à Holanda". Pois, mas hoje só não se escreveu o epitáfio neste blog porque não calhou.
Como se não bastasse o facto de ter de apanhar um voo que sai de Lx às 7h45 da manhã, comer sandochas manhosas da TAP (a Transportadora Aérea dos Pobres, para quem não sabe)aquecidas a martelo, e acompanhar um café que mais faz lembrar chá de camomila, a aterragem em Schiphol foi agreste, muito agreste. Não tendo havido nem muitos ruídos estranhos, nem excepcional turbulência durante o voo, e muito menos mau tempo na chegada a Amsterdão, foi com enorme estranhar que muita gente começou a rezar pelas alminhas. Na aproximação à pista, o avião bate com toda a força, e sentimos os reactores a voltar a acelerar e a tornar a subir. Ouviram-se gritos em todas as notas da escala. A luso-Orangette que vinha ao meu lado, e que passou grande parte do vôo a dormir, ficou roxa, e italo-Orangette que tinha também vindo passar o fds a Lisboa cravou-me as unhas na perna, quase abrindo buracos. Essa tem a mania de andar a dizer "vuolo morrire"... mas quando foram elas, ficou caladinha e nem soltou um pio. Apenas mudou de cor, para um tom ligeiramente mais claro. Com o avião de novo acima das nuvens, o Comandante lá nos dirigiu a palavra; "por uma pequena falha tecnica, tivemos de abortar a aterragem, e voltaremos a aterrar dentro de 5 minutos". Claro que por esta altura, eu já ouvia rezar em 7 linguas diferentes. A segunda aterragem foi normalissima, mas toda a gente bateu palmas e respirou de alivio. Coisa rara, a sair da pista até à manga ninguém tugiu nem mugiu. Já estavamos parados na manga e metade do pessoal a tirar as coisas das bagageiras quando a voz off disse que tinhamos que permanecer sentados. Assim que se calou, levámos um abanão que andou tudo de lado. Toda a gente se sentou em 2 segundos. E finalmente, lá saimos do avião. Não sei porque razão, houve uma enchente da casa de banho em frente à porta de embarque. :-)
Depois, foi o lufa-lufa do costume: ir para a Orange, em que a novidade consistiu em ir num comboio internacional de Schiphol até Haia. Chegados, foi a vez de correr para a cantina, alarvar uma salada no tempo que muita gente não fuma um cigarro, e martelar o resto da tarde que nem um desalmado. Quem salvou o dia foi a AnaChucha, que tinha vindo tambem de Portugal carregada com um monton de Pasteis de Belem, que ofereceu ao pessoal às 16h. A biiiiiiiiiiiica, faltou a porra da bica, bolas! Mas que soube que nem ginjas, isso soube!

FDS em Portugal - versão lusco-fusco.

Este fds havia uma efeméride em pt: a minha amiga Sofia -vulgo Afia- casava. Sábado de manhã, nada de grave, mas em Felgueiras, a cerca de 370 kilometros de Lisboa. Com o vôo a chegar às 21h (supostamente) à portela, o caminho avizinhava-se longo. Altura de reunir o estado-maior. Qual mafioso treinado, tudo se resolveu na sala das chegadas. Estava lá um amigo meu para levar o fiel companheiro de teclas, ou seja o Vaio, a fazer um upgrade de RAM no sabado de manhã, um outro gajo que me ia fornecer um brinquedo novo, o Nokia N80, e alguém que vinha trazer o carro previamente atulhado com as farpelas de cerimónia, tipo blazer sapatos e afins. Claro, o vôo tinha de atrasar aos magotes. Devo ter chegado 45 minutos mais tarde que o previsto, e ainda tive de esperar pela mala. Mas ficou tudo despachado como previsto. E lá segui caminho rumo ao norte pela A1. Chegada ao destino à 1h da manhã, hora local. Num só dia consegui andar de bicla, tram, comboio, avião e carro. Só faltou o belo do cacilheiro! Todo podre, mas cheguei.

Dia de cerimonia, o suplicio de ter de visto fato, gravata, sapatos normais... O casamento, 5 estrelas, foi repleto de surpresas. Uma actuação de um dos elementos nortenhos do Levanta-te e Ri, fogo de artificio, comida em condições e uns chocolatinhos de brinde fizeram uma festa 5 estrelas. Eu é que começo a acusar o peso de 5 semanas de Holanda: meti o chip português, e comi que nem um alarve. Claro que fiquei mal disposto, portanto nem consegui assistir ao fim da actuação de standup comedy, e tive de ir apanhar ar. Isto de facto de andar a comer kit sandocha semanas a fio começa a ter o seu preço. Depois ganhei balanço, e ainda consegui marcar presença na ceia.
Calor brutal, tava eu a assar dentro do fato de cerimonia, fez me lembrar que Portugal é um jardim à beira-mar plantado. E onde se come bem. No regresso, ainda a deitar comida pelas orelhas, veio o ar condicionado sempre ligado. Tarde de domingo para repor as horas de sono em dia, e dar um saltinho ao ginásio, onde levei uma surra de ombros q chega para uma semana. À noite, "tentar" ir ao cup&cino de carnaxide que entretanto fechou. Ficamos a conhecer -por arrastamento- o centro comercial Dolce Vita ali perto. Centro Comercial, eu já nem sabia que era isso. Sobretudo sem ter 7 kilos de portátil às costas.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Der Pater

Quinta-feira, dia de compras. Era suposto ir a Scheveningen ver um espectáculo de luz e cor e efeitos especiais -desta vez, um mesmo a serio- mas à ultima da hora ficou tudo em águas de bacalhau, porque quem ia já lá estava quando me avisou. Eu ainda estava no centro, depois das compras, e sem jantar, pelo que ter de pedalar 10 minutos e chegar atrasado e esganado de fome não uma perspectiva muito agradável. Então liguei aos outros renegados, jantámos pelo centro e fomos, como de costume, beber um copo ao Grote Markt. Ainda tive tempo para ir de tram a casa, largar a mochila com o PC, e as compras, meter uma tshirt seca, e voltar pra guerra do copo. No já costumeiro Zwarte Ruiter, re-encontrei os outros tugas, aos quais se juntou outro portuga que eu ainda não conhecia. Ele tinha trabalhado na Orange, e estava agora na T-Mobile NL. Ao contrário de nós, era engenheiro de rádio, e já cá estava a viver há algum tempo. Boa onda, bebeu uns canecos connosco, e depois convenceu-nos a ir a um bar chamado Der Pater. No Grote Markt, estava tudo a abarrotar de pessoal mais novo, que esta semana eram férias escolares, e Quinta-feira é tipicamente Noite do Estudante. Ainda deu pra ver um magote de raparigas de todos os tamanhos feitios e cores, e uma ternurenta cena de adolescentes em que uma rapariga timidamente roubava de raspão um beijinho ...a outra rapariga. Mas porque é que eu ainda reparo? Isto é a Holanda!

A caminho do El Pater, ficou provado que o novo elemento do nosso grupo só podia ser boa onda: faz-se deslocar em Orange Beach Cruiser. E sem efeito ambulancia, como a minha! A coisa ficou mais estranha quando começamos a entrar pelas ruas de vielas de Haia profunda. Finalmente, numa rua onde não cabia um carro nem de lado, ficamos à porta de um bar com aspecto de taberna. "Ah e tal, é fixe...Se não gostarem, bebem um a cerveja e vamos a outro lado!" disse o nosso cicerone. Bom, aqui vai disto. Lá dentro, fumo e paredes escuras. Os clientes (também conhecidos como bêbados e emborcadores de cerveja) eram pouco loiros. Lá dentro, é que nos explicou que por ali paravam muito espanhóis e latinos em geral. De facto, os linguajares latinos começavam a tornar-se nitidos, assim como feições familiares. A música -coisa estranha para um bar com decoração de taberna medieval- era cubana. Muita salsa. Dos poucos elementos nativos presentes, ou seja, Holandeses, deu para perceber que eles não têm 2 pés esquerdos como a maioria dos portugueses, nos quais eu me incluo: têm 3. São de facto pé de chumbo. A banda era bastante boa, sobretudo porque tinha um grande numero de cubanos. Apenas um loiro grande tocava uma corneta com teclado de piano, e o tipo da percussão também parecia aqui da zona. De resto, salsa com fartura!
Do outro lado da sala, uma loirinha apontou para nós. Dado o nosso aspecto de aliens, nada de anormal. Bom, ali os aliens eram elas. O Miguel comentou que tambem a conhecia de qualquer lado. E ficaram todos a olhar uns para os outros durante largos minutos. Um de nós, encheu-se de coragem, ou de cerveja, e foi lá: "olha lá...este meu amigo meu diz que te conhece. E tu? Conheces o gajo? Sim, trabalhamos juntos..." E pronto, tava quebrado o gelo, embora com aquilo que seriam considerado normalmente uma clássica frase de engate à trolha... Eles, de facto, tinham trabalhado no mesmo sitio e já se conheciam de vista. Seguiu-se a apresentação dos grupos... Elas faziam um par sui-generis: uma, a loira chamada Eva, podia ser sueca. A outra, Aaronette, preta com rastas (ou corn-rows, mais precisamente) tinha um penteado e uma cara que a poderiam facilmente colocar no final "O Predador". Eu perguntei se eram holandesas..."Ah sim, absolutamente. Do mais holandês que há." Claro, como é que eu não percebi isso logo à primeira. Depois de umas largas cervejas (Bitter Lemons no meu caso) lá fomos nós para casa. Desta vez, trouxe a bicicleta, portanto não houve o filme do NachtBus/troco/taxi. Foi agarrar na OrangeMobile e zarpar noite fora pelo meio dos bosques a caminho de casa. Como previsto, a OBC foi afinada Manuel-style, e estava um palmo mais alta. A caminho de casa, ainda passei pela shell e enchi os pneus que tavam meio vazios. Ainda faz um chinfrim de acordar mortos, mas eu suo metade com a nova afinação, e ando ao dobro da velocidade. Bom, agora qd travo, sou obrigado a saltar do selim, mas é uma questão de hábito. Se não houver chuva, andar de biclar é de facto muito eficaz. Debiam implementar isto no deserto do Sahara.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Mais tugas

Ontem fui jantar com outro grupo de tugas aqui de Haia. Conheci um deles, nome de codigo Jinx, no forum de bodybuilding que costumo visitar, o www.bodybuilding-pt.com . Acasos do destino, viemos os dois parar a Haia; melhor ainda, moramos os dois em Scheveningen, a Cascais cá do sitio. Go figure. Jinx e sus muchachos estão cá há bem mais tempo, a trabalhar para a Siemens. O nivel de vida deles é bem superior ao pessoal da LaranjaElectronica, quanto mais não seja porque lhes dão carro. Os carros aqui na Holanda são tão caros como em Portugal, portanto a Siemens aluga-lhes um carro diferente a cada dois meses....vindo da Alemanha. Mas tambem, diga-se em abono da verdade, eles devem dar bem mais o litro que o pessoal da LaranjaElectrónica. Lá nos encontramos junto ao Kurhaus, o rossio em versão Scheveningen, e fomos ao Santos, o restaurante argentino. Deixamos lá 30 euros, mas -caneco- comemos um belo de um bife. Coisa rara por estas bandas. Encontrar comida digna desse nome na Holanda é uma proeza. E quando se encontra é sem duvida, estrangeira. Com a carteira bem mais leve, mas com a barriga bem mais aconchegada, demos um salto até a uma coffeeshop, onde um dos elementos aproveito para recarregar a "cartucheira". Aproveitei para dar uma vista de olhos ao menu; nada de especial. Metade já eu tinha cultivado, a outra, já conhecia. Tenho de ir a sitios mais hardcore para ver se vejo alguma especie mais exótica.
Depois vim para casa, onde continuo a minha demanda por um aquecimento que aqueça, e um frigorifico que arrefeça, o que me obriga a aquecer o meu estudio cozinha-sala-quarto a golpes de forno. Forno? Sim, aquilo que geralmente o comum dos solteiros usa para cozer as pizzas congeladas. Como se usa para aquecer uma casa? Simples, abre-se a porta, e deixa-se aquilo liga a 30 caroços. Para todos os efeitos, aquilo são 2 resistencias electricas a debitar 2000W de calor. Ok, nem tudo são rosas porque fica no ar um subtil cheiro aos cozinhados esturricados do locatário anterior, mas ao menos isto aquece.
Durante o dia bem tento ligar para o senhorio que não fala, ou finge que não fala, um inglês decente. As conversas ao telefone deviam ser gravadas. Mas já o apanho à esquina. Se isto não desempanca depressa fica a ver navios com a guita do apartamento. Então a porta faz um barulho de turbina de avião, e ele tem o desplante de dizer que a culpa é do prédio? Como tou desde o fds passado sem duche quente em casa, comecei à procura de opções. Como vou bastante ao ginásio, não tem havido crise. Ainda assim, descobri hoje que a Orange tem nas catacumbas uma casa de banho com um duche. Ouro sobre azul! Assim excuso de ir para o ginásio às 7 da matola, feito holandêsrastejante, e tomo banho depois de dar -literalemente- ao pedal.
Por falar em pedal, há que mencionar que a ida matinal para a LaranjaElectrónica é de facto magnifica, ao longo de um parque com um canal, patinhos, etc... E sem carros, com o sol a nascer de frente. Se eu não tivesse de pedalar e se a OrangeBeachCruiser não fizesse o chinfrim costumeiro, seria perfeito. Ainda hei de filmar o passeio e postar por aqui. Ou melhor, no YouTube, que é agora o site da moda. Esta manhã fiz um pequeno desvio para ir aos correios, que ficam mesmo ao lado do Liceu Francês da Holanda, para levantar uma carta que me enviaram de Portugal com papelada. 2 senhoras à minha frente, uma delas com um andarilho com aquilo que a OrangeBeachCruiser não tem: travões! Eu era o 20, e quando o 19 piscou no painel, a sair correu -ou melhor, rolou- até ao balcão onde para minha raiva e angustia usou das manetes de travão. Só para me fazer pirraça concerteza! Não seria concerteza um embate a 0,5km/hora que ia fazer mal à osteoporose da mumia! Com a carta debaixo do braço, mais outra cena surreal, que só pode acontecer neste pais pedalante. As 9 da matina, passa-me à frente um caramelo descalço, de bicicleta, e com uma prancha debaixo do braço. Não percebi se ele tava vestido de preto, ou se era o fato de neoprene, porque os olhos estavão cheios de agua por causa do frio e da deslocação de ar. Ah...e por causa dos ciumes dos travões da velha dos correios!

Depois da LaranjaElectrónica, foi dia de aula de squish-squash. Conhecemos a Elly, uma quarentona raquitica, feia como tudo, que seria a nossa professora da aula grátis. Eramos 3. Eu e o Pedro, o nosso cromo tuga do squash, e um holandês que falava forte e feio espanhol porque tinha vivido 8 anos em Madrid. Eu era o unico maçarro de serviço e fartei-me de encher. A prof podia ser raquitica e feia, mas dava-nos uma coça de olhos fechados. Bom, viemos a ver mais tarde nos flyers do squash, que tinha sido campeã americana 2 vezes, era numero 24 do ranking mundial, e treinadora da selecção holandesa. Pois, portanto imaginem o que a mulher não joga.
À saida do ginásio estavam lá outro grupo de tugas para se inscrever, e depois das formalidades (vulgo pagamento) tratadas, fomos jantar ao Mac, onde se iniciou uma longa conversa sobre calorias, gorduras, panados e afins. De seguida, fomos para o Plein - o primo do Grote Markt- em busca de um bar que teria jazz ao vivo. E assim o encontrámos. O jazz não valia um chavo, mas tivemos na converseta, e o café até era bastante aceitável.
A caminho do plein experimentei a OrangeBeachCruiser do Manel, que acabou de sair da oficina: um luxo! Não tem efeito ambulancia integrado, portanto ninguem olha para mim quando passo. Algo se passa na transmissão da minha OBC que esta não obriga nem a metade do esforço para pôr a rolar. E por fim, ele tem aquilo um palmo mais alto que a minha, o que tambem parece fazer muito mais sentido a nivel de esforço. Amanhã meto a OBC na oficina!

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Ex-Caloiro

Já não sou caloiro!
Hoje chegou cá mais uma portuguesa, pelo que deixei de ser "o mais novo elemento da equipa". Ela foi-me apresentada de raspão, no corredor, e mal percebi o nome dela. Pareceu ser algo do tipo Maria ou Marilia, mas isso também é o menos...
Benvinda, M!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Fds / parte2

Puro fds de outono. Meio chuva, meio sol. Den Haag ao fds tem o centro ao barrote, faça que tempo fizer. A única coisa que muda é se os chapéus e os capuzes estão em uso ou não. Ainda para mais, aqui os chapéus-de-chuva são de todas as cores. O arco-iris não está no céu, mas sim um palmo acima da cabeça. Proeza é atravessar uma das apertadas ruas comerciais sem levar com uma haste metálica no olho. E parece que ao fds as lojas são tomadas de assalto: filas para pagar no H&M, Zara e afins... As lojas de artigos electrónicos e telemóveis também não estão menos vazias,e os vendedores não têm mãos a medir.
Fds também é altura de tratar daquilo que não há tempo durante a semana: neste caso logistica pura e dura, porque o meu frigorifico não arrefece, e o aquecimento não aquece. E a porta continua a parecer a turbina do jumbo 747, mas isso não há nada a fazer pelo que me disse um vizinho. Curiosa personagem este vizinho: depois de 2 dedos de conversa, ele tinha-me dito que tinha estudado direito, mas que nunca tinha exercido porque tinha montado a sua própria agência de viagens. E lá estive meia hora à conversa com um cinquentão de cabelo branco, muito curtinho, com um brinco na orelha. Curiosa personagem, pelo comum padrão português.
Na sexta cheguei a casa, e só faltou vestir o fato de macaco: o desafio era perceber como pôr a caldeira do aquecimento a fungar. Uma hora de torneiras e botões depois, aquilo começou a fazer barulho. Afinal, sêmos ingenhêros! Aquilo fez um chiqueiral a noite toda, e de manhã até teve de se desligar porque eu acordei ensopado em suor.À noite é que foram elas: voltar a pegar o bicho? Nem pensar. Desta vez calou-se, para não mais voltar a piar. Pior! Desta vez a caldeira mostrava um código de erro, e as águas sanitárias também tinham ido à viola. Banhinho frio que faz bem à saúde. Mas aqui água fria é mesmo de arrepiar.
Sábado à tarde tinha um jogo de squish-squash combinado com o cromo de serviço, e foi com todo o prazer que voltei a ser desancado à grande e à francesa. Mas afinal, essa é a ideia da coisa. A bola que tinhamos usado até agora tinha dado o berro,portanto usámos uma nova, que salta um booooooooooooocadinho mais, e que portanto não nos faz correr tanto. Neste caso, só sai de lá com a t-shirt a pingar, em vez de ser t-shirt-calcoes-e-meias. No fim do jogo, uma première para mim: tomar banho num ginásio. Sim, eu raramente tomo banho nos sitios onde faço desporto,pelo menos desde os tempos em fazia natação. Sempre preferi trocar de roupa e vir tomar banho a casa. Desta vez, teve de ser... ginásio. Ao fds o ginásio fecha às 17h, e portanto fui dos últimos a sair de lá. Uma das vantagens foi que consegui secar o cabelo em stereo, ou seja, com 2 secadores ao mesmo tempo. Bom, os secadores podiam uma treta, mas a verdade é q o cabelo secou num instante!
Fresco que nem uma alface, foi tempo de ir ter com mais pessoal ao centro para o capuccino de fim-de-tarde. Numa brasserie, descobrimos que o staff era todo portuga. O dono veio tagarelar connosco, e disse-nos que já lá estava há vinte anos, que tinha outro restaurante -italiano- ali perto. Também falou da zona, que a praia era gira e até era fixe no verão, que os marroquinos é que davam água pela barba nesta zona, e até me deu umas dicas sobre o spot onde arranjar uma scooter. Entretanto, viamos passar umas coisas comestiveis que me ficaram debaixo de olho. Mais perto da hora de fechar houve um corropio de loiras que vieram dizer adeus ao dono.... Ele fez questão de referir que eram as vendedoras das lojas em volta que se vinham despedir. Lá simpáticas eram elas. Uma das loiras entrou e ficou. Ai ele parou a conversa e apresentou "a mulher e sócia". Uma loiraça que me pareceu uma excelente razão para esta aqui a gramar chuva e frio há vinte anos...
O plano para jantar era conhecido como Operação IKEA: um restaurante escandinavo, que aparecia no meu guia da naite aqui da zona, o SpeciaBite, chamado Eyja. A caminho da dita morada, vejo que as lojas chiques começam a dar lugar a coffeshops, e um número crescente de turcos e aparentados a cruzarem-se connosco. Toda a gente diz mal do meu GPS, mas a realidade é que sem o dito bicharoco ainda hoje távamos à procura daquilo. No caminho, reparo que estamos a escassos metros de umas das Red Zones de Haia. Mas à ultima da hora virámos, e afastámo-nos da zona critica. Zona Vermelha, não...era mais zona cor-de-laranha. E eis que chegámos ao dito restaurante sugerido. Um espaço decorado todo de branco, com o staff todo de preto, cheio de velas, como nos catalogos da marca de móveis sueca. A comida, de nome pomposo, era servida ao mais puro estilo nórdico, cheia de molho de natas, e compota de mirtilos, como as famosas almondegas do Ikea. Para comida nórdica não estava nada mal, mas o meu "pork sirloin stuffed with ...." não passava de carne assada com passas no meio e 3 tipos de molhos em volta. Não sei se era da fome, mas evaporou tudo -a quantidade também era nórdica, note-se - e ainda por cima soube bem.
As sobremesas foram um mix de tudo um pouco,e as panquecas islandesas (que o restaurante faz questão de frisar que não pertence à Escandinávia) ficaram debaixo de olho para mais tarde recordar.
Next stop: TABOO. Ao lado da Fair Trade Shop, descobri um bar no qual nunca me aventuraria sozinho. Vi aquilo durante a semana, meio vazio, com luzes roxas e cheio de cortinas... Num sitio destes, isto significa que por muito que seja a música, um gajo decente e de boas familias não entra sem guarda-costas! Desta vez, e com gente na rua que nunca mais acabava, lá fomos descobrir o spot. No piso terreo, há mesas comuns e um balcão corrido; subindo uma escada em caracol acede-se a uma galeria de camas iluminadas por focos de halogéneo. O tipo que nos atendeu era americano, ou muito perto disso, e devia ter dado nas anfetaminas, porque estava com o gás todo. Como este percebia do que estava a fazer, pedi-lhe uma coisa fresca, sem alcool, e que não fosse refrigerante de lata. Ele teve de puxar pela moleirinha, mas lá me arranjou uma especie de capuccino gelado com leite chocolatado e chantilly. De facto, estes tipos dominam em matéria de produtos lacteos. Não percebem um carapau de café, mas leite é com eles! Claro que beber um balde disto esparramado numa cama e a ler o monte de flyers que circula por aqui tinha de dar asneira: tomei banho de capuccino, pelo que fiquei tipo vaca charolesa, às manchas castanhas e brancas.
Domingo foi dia de moleza, e foi passear para trás e para a frente, badalhoco porque não havia água para o banho. Embora a chover a potes, o calçadão da praia estava cheio de gente, e foi dia de panquecas. À entrada, estava uma equipa de rugby, que devia ser mista, porque havia tantos rapazes como raparigas, e tanto eles como elas pareciam tanque de guerra. Como seria de esperar -e ao contrário do que o comum dos mortais pensa- os jogadores de rugby não são excepcionalmente altos,e este não fugiam à regra. Para holandeses, eram bem medianos. E nem tinham de passar de lado nas portas. A casa das panquecas continua no seu melhor, com dezenas de panquecas (ok,ok, na realidade são crepes à francesa) por onde escolher; pormenor engraçado, nas panquecas de sobremesa, raras são as que têm chocolate derretido, enquanto que as frutas frescas estão em quase todas as hipoteses. Mas isto de comer morangos em pleno Outubro, enquanto chove na praia tem algo que se lhe diga, pelo menos para o Portuga convencional.
Hoje é dia de ir cedo para a cama... que amanhã vou fazer o impensável: acordar extra-cedo, e ir ao ginásio. não só fazer um cadinho de remo, como tomar banho e fazer a barba para aparecer impec na LaranjaElectrónica!

Um mês de Holanda

Faz hoje um mês, metia a minha trouxa às costas, e punha-me a caminho dos Paises-Baixos, e da LaranjaElectrónica, deixando para trás Sol e Praia.
Curioso, hoje que penso nisso, ainda não percebi se acabei de chegar, se já cá estou há imenso tempo!

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Mozzarella Party!



Ontem foi dia de festa! Uma das italianas de serviço resolveu rebelar-se contra a falta de qualidade do queijo mozzarella aqui na Holanda, e decidiu trazê-lo da origem. E convidou a malta. Ao mais puro estilo Erasmus, juntou-se tudo numa casa cagagésimal, com a música a bombar por um portátil ranhoso, e com montes de alcool à mistura. Curiosamente, só responderam à chamada italianos e portugueses. Embora outras raças estivessem também convidados.
Bom, para ser sincero, um francês meio perdido apareceu mais para o final da festa, envergando uns calções de desporto, às 11 da noite. Que estranho... da última vez que ia regularmente a estas concentrações, eu era o único portuga, e havia um monte de italianos, espanhóis e franceses. Ou seja, era eu o Alien. Ao menos, eu não ia para as festas de calções.
O pessoal abancado ao monte nos sofás e no chão, a fumar e a beber, uns a tentar dançar, outros a alarvar o mozzarella que dava para um batalhão. A música foi salsa e brasileira a noite toda, pq a anfitriã vibra com este estilo, e serve sempre para animar a festa. Quando cheguei, na Orange Beach Cruiser acabada de equipar com o suporte do GPS vindo de Portugal, trazia numa mão uma garrafinha de Casa de Santar 2003, e na outra um queijo Castelões, para mostrar a este pessoal o que é o power do queijo português; para quem não sabe o Castelões tem a caracteristica curiosa de ser um queijo de mistura, metade vaca, metade cabra, o que o torna bastante especial. Sem ser amanteigado é muito aveludado, e sobretudo, dá-se bem com os tintos. Um valor seguro da industria queijal portuguesa!


Quando me aproximei da mesa, levei da anfitriã uma ensaboadela de queijos italianos: afinal, em matéria de mozzarellas, há muito para dizer. Mais compactos, mais moles, mozzarella seco, recheado com manteiga (eu sei que parece estranho mas era omelhor que lá tava), em bola, em fatias. De lado, tavam uns pratinhos com tomate cortado fininho, e um chourico também fatiado. Na minha mozza-ignorância, virei-me pra Maria e perguntei: "Isto é de buffalo, né?



-MÀ NÓ!!!" levei logo na resposta. Parece que o chavão que o verdadeiro mozzarella é de bufala é tudo treta. Vaquinha é que é. O resto é para inglês ver. Bom, mas como diria o outro...."Marco Bellini é qè sabè!" E afinal, eu só tinha vindo ver a bola e nem era de cá!
Da próxima vez que vir um queijo mozzarella a rebolar rua fora, dou-lhe um beliscão; se ele não fizer "Muuuuuuuuuuuuuuuu", já sei, é uma reles imitação!

Mas ou o pessoal tá a ficar velho, ou então o mozzarella tira um bocado a energia às pessoas... À meia-noite já estava o pessoal todo a desertar, excepto o francês esfomeado que continuava a dar forte e feio no queijo e no tinto.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Squish-squash

Ontem houve jogo de squash. Eu, o Miguel e o Pedro tinhamos marcado a nossa aula grátis no ginásio, que ganhamos na inscrição. Assim que chegámos, levámos a banhada porque tinha falecido alguém próximo da professora. Isto corta logo a onda toda; nem dá para dizer mal, nem rogar pragas à pessoa que nos fez atravessar a cidade para ficar especados a olhar para a recepcionista. Como bons tugas, agarrámos nas raquetes, e fomos na mesma para o court, que afinal, estava reservado. O Pedro joga squash pa caneco, e portanto eu o e Miguel fomos squashados. Não sabia que a bola tinha de aquecer, e que sé depois de umas valentes raquetadas é que começa a ganhar as caracteristicas necessárias. Mesmo depois de aquecida, a bola não salta. Lá estamos nós todos cheios de energia, vemos a bola a vir na nossa direcção, puxamos a culatra atrás e tentamos encher o pé –neste caso, a mão-… e vemos a bola a desfalecer no chão como se fosse um bocado de plasticina. Frustração. Quando finalmente apanhamos a bola a jeito, e despejamos toda a raiva no esferico preto, o desafio é não esbarrar com os dentes na parede. Sim, porque vamos a correr na direcção da bola, e ninguém nos avisa que temos uma barreira de betão a 30 centimetros da cara quando acertamos na bola, e tamos a correr a todo o gás. Um gajo pensa: “Yeessssss! Ganda passa que dei na bola! O outro gajo nem a vai ver passar!” e depois, a próxima coisa que se lembra é de abrir os olhos e ver as luzes do tecto à nossa frente, com o resto dos colegas a dar sapas nas bochechas, porque entretanto tivemos um encontro imediato do terceiro grau com a parede. Evento seguinte: contar o número de dentes à saida do court para saber se é igual ao que entrou. Depois ainda chamam a isto um jogo, dizem que o desporto dá saúde, etc…Pior: ainda por cima PAGAMOS para cá andar.
Como o Pedro é insistente, e isto supostamente faz bem a alguma coisa (porque como se viu pela figura anexa, à saúde não é concerteza), já está outra sessão combinada para Quinta-feira. Para além dos 3 estarolas, ainda vem um holandês - não-rastejante – jogar com a malta: assim estão sempre 2 jogos a decorrer em simultâneo. Espancamento continuo, está de ver, porque o holandês que vem aí também é jogador habitual, pelo que muito provavelmente eu o Miguel vamos fazer de bombos da festa. Mas eu tenciono vender cara a minha pele! Não quero perder nenhum jogo por mais de 10 pontos de diferença!

Estou chocado...

Drama, tragédia, horror!.... Hoje cheguei à LaranjaElectrónica e -aparte o Porsche Cayenne, o BMW M3 e o Continental GT- não aconteceu nada de especial! Estou em depressão!!

Para além disso, aqui faz um sol radioso, e em Lisboa chove a potes. No entanto, algo me diz que não tarda, a situação muda...

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Começo de semana em grande

Primeiro regresso operacional à Holanda: apanhar o vôo das 7h45 da TAP. Aterrar em Amsterdão Às 11h, e ir directo para a LaranjaElectrónica. Yeah, right. Para além de ter de me levantar super-cedo, e acartar com um malão do tipo caixão, tava a chover a potes. Check-in, aventura 1: embora tenha chegado a horas, a fila do check-in era de meio-kilometro. Fui repescado por um caramelo de walkie-talkie na mão, e despachado para uma menina que teve de ligar para o supervisor para reabrir o vôo e conseguir registar a minha mala. Depois, na porta de embarque descobri que o vôo ia atrasar. Grande sorte a minha, em vez de embarcarmos por manga, fomos de autocarro. Mais valia ter ido de piroga, que ia dar o mesmo resultado. Até o autocarro era uma miniatura, e iamos todos lá dentro apinhados. Já dentro do avião, percebi que aquilo ia ser uma sessão intensiva de dar ao serrote. Como não me é dificil adormecer, ainda não tinhamos descolado, e já estava em plena actividade roncante. Mas concerteza que era eu e mais metade do avião, porque quando as meninas começaram a distribuir a paparoca, tava tudo a bocejar e a espreguiçar-se. Agora a TAP varre o pessoal todo a sandes, portanto aquilo evapora em 30 segundos. De seguida, nova sessão de serrote. Aterrámos em Schiphol ao meio-dia, uma hora depois do esperado. Lá fui eu para a recepção das malas. Check-out, aventura 2. Tava eu a aproximar-me do tapete rolante que me tinha calado na rifa e estava a ver uma mala toda desfeita. Quando me aproximei, claro, tinha de ser a minha. A mala tinha rebentado pelo fecho-éclair. Por sorte, tava ensopada, mas não parecia que tivesse saltado nada cá para fora. Lá vou eu buscar um carrinho, coloco o destroço em cima dele, e toca de ir à procura do balcão das reclamações…que fica do outro lado do terminal. Amena conversa em inglês com a menina do parceiro do handling da TAP, que fez questão de vir o destroço pessoalmente. Depois, deu-me um papelinho com um número, que dizia que “SIM, ESTÁ CONFIRMADO QUE A SUA MALA RIBENTOU E FICOU FEITA NUM MOLHO DE BRÓCULOS”, e disse para eu escrever uma carta quando chegasse a pt. Grande ajuda. Eu –estúpido- ainda perguntei onde é que podia comprar um rolo de fita-cola para fazer de McGyver. Ela respondeu tipo brasileira: “ai…não sei…”. Vim cá fora, e toca a começar a aula de bricolage: arranjo um canto sossegado do terminal de desembarque, e ponho-me aos saltos em cima da Samsonite azul, até ela recuperar a forma e o volume habitual. Com a dita cuja em formato aceitável, toca de repôr centimetro a centimetro, o fecho-eclair. Ainda por cima, tinha cortado as unhas no dia anterior, e portanto, a tarefa não foi nada fácil. Mas o Poder do Engenheiro é tremendo, e meia-hora e um litro de suor depois, a mala estava de novo fechada, pronta para ir até Haia, sem deixar pelo caminho os meus boxers.
E recomeça a guerra: apanhar o comboio. Com o stress todo, arranjei uma combinação de combóios e patamares errados, que cheguei lá na altura certa, através de 3 combóios diferentes. A pingar suor obviamente. Num dos 3 combóios, havia uma menina com botas de licra e saltos altos, com uma bicicleta dobrável do tamanho de uma garrafão de 5 litros. A minha tralha ao lado daquilo fez-me parecer um caracol em mudanças. Ela desceu na mesma estação que eu, e o garrafão deu lugar a um bicicleta de tamanho normal, ainda não percebi muito bem como. Mas vou investigar. Já em Haia, foi apanhar o tram até à Laranja electrónica. E só nessa altura reparei que ao contrário de Portugal, aqui tava um sol radioso, e um lindo dia de outono.

Chegada à LaranjaElectrónica

Obviamente, não pode haver uma chegada normal à Orange. Simplesmente não acontece. E hoje não foi excepção. Eu pensava que seria hoje muito mais pacifico, porque não só não ia chegar em hora de ponta, como ainda por cima o stress não me iria deixar ver nada de anormal, nem que na famosa passadeira me cruzasse com um elefante cor-de-rosa, a caminho de um disco voador. Burro…quem é que me manda pensar? Já devia saber que não se pode menosprezar o poder educativo daquela passadeira de peões. Quando ia a atravessar, vejo o impossível: o alegre proprietário de um Porsche 911 (vulgo Carrera) descapotável, embasbacado a olhar para o carro que estava ao lado. Heresia, toda a gente sabe que quem tem um carro daqueles é o alvo de todos mirones das redondezas, o rei do asfalto daquele quarteirão. Pois, este teve azar. Ao lado, parou um Mustang americano, cujo tamanho fazia o Porsche parecer um Citroën 2CV. Pode ser um charuto, mas não há duvida que o carro é imponente. E dono do Porsche, com o pescoço todo torto –concerteza pelo peso do meão que tinha levado- a olhar de lado. Depois do evento da passadeira do dia, lá cheguei à LaranjaElectrónica, a pingar suor, às 13h45, e a caminho de ter uma reunião com um caramelo chamado Rakesh às 14h. Almoço? Esquece lá isso…

domingo, 15 de outubro de 2006

Regresso a PT

Sexta-feira, dia de voltar a pt para o fds. Objectivo: 2 aniversários. Agenda cheia portanto. Assim como a mochila, que vinha a abarrotar de roupa para lavar. Ainda por cima sai-se da LaranjaElectrónica e vai-se directamente para o aeroporto, portanto vai-se logo com a mala para a cidade. No caminho do aeroporto, encontrei a anterior dona do meu apartamento, e minha colega na Orange, a italiana Laura Rota. E -antes que perguntem- sim, este é mesmo o nome dela. E não, "Rota" não tem qualquer significado especial em italiano. Como o avião aterrava à hora que eu devia estar no jantar, pedi a um amigo meu para me levar o carro até ao aeroporto. Portanto, foi abrir a porta do avião, sair disparado pelo hall das bagagens, e entrar no carro que seguiu a rasgar até Nafarros, onde se festejaram os 11 anos do meu antigo ginásio, o AssaforaGym. Com os sensores ainda calibrados em modo NL, pareciam todos anões, incluindo o dono, o Rino, que tem 1,93m e 100 e tal kilos... Picanha a rodos, regados com litros de sangria, e como sobremesa um slideshow dos melhores momentos do ginásio. Depois, lá fomos arejar as ideias para os bares ali da zona da praia de S. Julião.
No dia a seguir foi dia de emigrante: cortar o cabelo, fazer compras etc... Mais festa à noite: desta vez foi o aniversário da Nina, e do seu Factor T. A paparoca foi na Casa de Goa, spot muito fixe, não fosse preciso um mapa militar para dar com aquilo. Como estive em Goa no principio deste ano, deu para relembrar algumas coisas, tipo o baji-puri e o balchão, e armar-me ao cágado como quem percebe de comida indiana a potes, e fazer de guia turistico aos comensais que foram chegando ao longo de 2 horas... A noite acabou nas Docas, onde uma fauna estranha, oriunda da festa do caloiro do Tecnico se misturava com os motards que vieram para o motoGP. O pessoal acabou todo na galhofa no Café da Ponte, numa morna noite de Outono.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Dia de compras & Dia de copos

Quinta-feira, dia de encher a casa. Como neste fds ia a casa, aproveitei para comprar tralhas que não há lá por pt. Estive no centro a vaguear pelas lojas e drogarias, supermercado e lojas de telemoveis. Numa Phone House, comecei a falar com um empregado por causa de um modelo de telemóvel novo que eles lá tinham. Ainda não tinham passado 30 segundos, já me estava a dizer onde desbloquear os telemóveis: numa lojinha ao pé de HollandSpoor, a estação de comboio. Pelos vistos, tudo aqui revolve em volta de HollandSpoor. Tá visto que na próxima semana, lá vou eu experimentar os Lellos da Purificação do desbloqueio de telemóveis.
Continuando nas voltinhas, entrei numa loja de acessórios de carros e bicicletas. Caneco! Nunca tinha visto tanto acessório de bicicleta junto! Cadeiras, cadeados, capas, guarda-lamas,reflectores... Acessorios para carros? 2 ou 3, perdido aqui e ali. E nada mais digno de nota que uns GPS acabados de sair. O mais giro disto tudo é que as bicicletas, pelo menos para o tuga comum, não passam de umas pasteleiras a cair de podres, altas como girafas. Fiquei de tal maneira estupefacto, que me esqueci de comprar uma campainha nova para a Orange Beach Cruiser. Portanto, continuo mudo.
A caminho do centro, parou um carro junto ao passeio, com um casal lá dentro. Ela meteu a cabeça de fora, e pediu indicações, em inglês: "Olhe, desculpe, onde que fica o Spui?" O Spui é uma zona junto ao centro, que tem um teatro e uma zona cultural, perto do sitio da aventura do restaurante chinês. Eu, o já-cromo-de-Haia-com-GPS, respondi nas calmas:"Ah...isso é já ali à frente e à esquerda! Continue nesta rua, não tem que enganar!"
-Muito obrigado... -disse ela.- E já agora, ondé que são as putas?" Eu devo ter ficado vermelho,roxo, às pintinhas azul-esverdeadas, às riscas... Não me desmanchei, tanto quanto possivel a uma senhora da 3ª idade durante um afrontamento, e lá disse que isso era prá esquerda, mais perto do rio. E que em frente havia uma casa de livros de quadradinhos, como ponto de referência. Ela lá agradeceu de novo, e arrancaram. Quando se afastaram, reparei que a matricula do carro era belga. Já o Obélix dizia, e pelos vistos com razão: "Estes belgas são loucos!" E lá fiquei com calor durante as 3 horas seguintes. Cair da noite em Haia e eu a passear alegremente de T-shirt a ver montras.
Antes de apanhar o tram para casa, passei pelo Alfred Heijns para encher a despensa. Trouxe água -com POUCO gás- 3 ou 4 tipos diferentes de bolachas, e leite. Sim, leite e não pudim, que desta vez não trouxe o pacote que dizia "vla" e sim o que dizia "melk", e tive o cuidado de chocalhar para ver se o barulho batia certo com o conteudo. De facto, isto é o pais dos bolos e biscoitos. Qualquer supermercado de esquina tem 30 tipos diferentes de bolos e biscoitos...frescos. Mais as tralhas tradicionais bugigangas da Dan Cake e respectivos bollycaos. Que aqui ninguem toca, a menos que tenha 4 anos, e queira o autocolante que lá vem dentro.
Enchi a mochila com as compras, fiquei tipo caracol marreco, e fui largar a tralha a casa.
Assim que cheguei, recebi uma mensagem dos outros tugas a dizer que estavam no Grote Mart. Troquei de t-shirt, que a outra tava ensopada, por causa dos afrontamentos e das compras, e lá voltei eu para a cidade. Dia de esplanada, porque não estava a chover. Um dos Tugas pôs-se a oferecer cervejas ao bêbado-louco-desdentado de serviço do Grote Mart, que se pôs a venerá-lo como o Dalai Lama. Na direcção inversa, comecaram a passar raparigas invulgarmente bem arranjadas para a zona. Mais 3 ou 4 rodadas depois, já os tugas estavam alegres como o bêbado. A diferença estava nos dentes. Meia-noite, hora do recolher obrigatório. A Ana Chucha (Sim, é mesmo o nome dela) decidiu regressar à base, e os rapazes decidiram investigar o spot que estava a recolher faz 2 horas a maior colecção de saltos altos que eu vi nas ultimas 2 semanas. À entrada, entrou o Manel, sem espiga, e barraram um dos nossos elementos, mesmo à minha frente, porque ele tinha mochila. Perguntaram se estavamos todos juntos, pediram para ver o conteudo da mochila, e depois o segurança virou-se para mim e perguntou "ele tá bêbado?" Esta terra é mesmo uma caixinha de surpresas. E depois lá entrámos todos.
Lá dentro, estavam concentrados os 5 continentes. Se entrar aqui a Odete Santos de braço dado com o Paulo Pires ninguem nota. Se entrar o Antonio (mesmo) Feio com a Merche Romero, também não passa de um banal casal. Blacks-do-ghetto, misturados com Claudias Schiffer, é o prato do dia. Em todas as variaçoes possiveis. Vi Indianos, sul-americanos, asiaticos, africanos... A musica ia dos vulgares de hiphop a alguma música de dança mais interessante. Calor e fumo, qb. E eu já me tinha refeito do susto/afrontamento, mas em meia hora tinha a tshirt de novo ensopada. Tava eu com os outros tugas no meio da pista, agarrados aos copos -de agua, no meu caso- quando algo fofo passa pelos meus ombros. Olho pelo canto do olho, e vejo um decote! Ora bem, se eu tenho 1,83m, imaginem o que é um par de mamas ao nível dos meus ombros. Claro que a 40 cms de toda esta cena estava um casal de indianas com pilhas duracell, que dancaram toda a noite, embora nao tivessem mais que metro-e-meio.
Ao contrário de Portugal, sejam bonitas ou feias, as raparigas são altamente abordáveis, não havendo até agora sinais de narizes empinados. Um dos nossos elementos acercou-se de uma jovem bem apessoada (de ladrar, portanto), perguntou-lhe o nome, e pelos padrões portugueses estava tudo a correr sobre rodinhas. A meio da conversa sai a frase: "mas olha, eu não tou interessada em ti..." Ok, enfia a viola no saco, beijinhos e abraços até à próxima. "Sans haine, sans violence et sans armes". Há umas quantas miúdas em Portugal que valem um terço do que estas valem, que podiam vir cá fazer um estágio e aprender umas coisas. Sobretudo, como ser socialmente agradáveis e bem educadas. Estava a apreciar o zoo, quando à minha frente passa um copo meio amarelo, meio vermelho. Por reflexo, virei-me para a miúda que o trazia na mão, toquei-lhei no ombro e perguntei, directo: "olha, o que estás a beber? Safari." respondeu ela, nas calmas. Okm nada de assim tão incomum. Aquilo fazia era um efeito giro no copo. Quando começo a olhar para a miúda, apercebo-me de facto do avião que era, meio chinesa, e pronto... começou o modo Taborda-no-seu-melhor, à beira de outro afrontamento. Provavelmente, fiquei com a expressão corporal do menino tonecas, e devo ter começado a gaguejar para dentro. Excusado será dizer que a conversa ficou por ali, e a miúda e o seu safari continuaram o seu caminho.
Por volta das 3 da matina, decidimos bater em retirada. Toda a gente trouxe as biclas, e eu tinha vindo de tram, portanto, fui apanhar o NachtBus. Encontrar a paragem foi uma tourada, porque não estava assinalada. Quando encontrei, porque o dito autocarro chegou, saiu de lá o motorista, empurrou me para fora do veiculo, e disse alguma coisa em holandês. Quando eu perguntei em inglês, ele disse alguma coisa em holandês tipo "Não falas holandês? Azar!" Deve ter aprendido a trabalhar na carris, este simpático! E pronto, lá fiquei eu vinte minutos à espera. Quando ele voltou, eu entrei, e tentei comprar o bilhete de 3 euros com uma nota de 50. Ele vociferou que não tinha troco e mandou-me à praça de taxis trocar a nota. Lá fui eu. Ao 7º táxi, láapanhei um mais simpático, que me trocou a nota. Quando me viro, o $#%#$%# do motorista da carris tinha arrancado sem mim. E lá ficou o belo do portuga apeado.
Lá tive eu de apanhar o táxi. Conversa puxa conversa, e afinal este táxista era o dono de uma companhia de táxis, e deu-me o contacto pessoal dele, e disse que me fazia um preço porreiro para ir directamento ao aeroporto quando fosse preciso. Basicamente, metade do que eu já tinha pago anteriormente.
Afinal, a noite não foi perdida...

A Ana fez um ano de Holanda

Na terça feira passada, a Ana fez 1 ano de Holanda. Fomos  todos jantar fora para comemorar a efeméride. Ainda não tinhamos saído da Laranja Electrónica, e já o granel tinha começado: apetecia-lhe experimentar comida surinamesa, e tinham-lhe recomendado um restaurante ao pé da estação HollandSpoor, chamado LungFung. Fomos à procura na net, e demos com a página do dito LungFung. Só que não ficava perto da dita estação, mas sim do Grote Mart, o sitio da mega-esplanada, segundo o mapa do GPS. Confiando na tecnologia, lá fomos todos para o Grote Mart, e de facto, demos com o LungFung. À entrada do restaurante estava um neon que dizia “LUNGFUNG – CHINESE AND SURINAMESE FOOD”. Pronto, era ali, sem dúvida. Mas depressa uma dúvida se colocava: sendo o Suriname outro nome para a antiga Guiana Holandesa, um pais a norte do Brasil, o que é que isto tinha a ver com a China? Afinal, afinal, são apenas 2 continentes em lados opostos do globo. A fome apertava, e decidimos entrar sem demoras. Lá dentro, o staff era todo chinês, e falavam chinês entre elas. Sul-americano? Só se tivesse uma garrafa de guaraná no frigorifico.
A minha sorte proverbial continua a dar sinais, e toda a gente apanhou um menu em inglês excepto eu, que levei com a versão holandesa. Podia ter sido pior, e ter levado com a versão original… Em relação aos pratos, foram escolhidos meio ao acaso. Havia lá um mix de carnes que nos pareceu interessante. Encomendámos o arroz e a massa frita tipica dos chineses para acompanhar. Um rebelde pediu uma coisa mais estranha, que afinal não passava de outro nome mais exotico para os tais molhos de bróculos enfeitados de strogonoff de galinha, a boiar em baba de alien chinês. Mas o mix de carnes foi o jackpot! Uma das carnes era literalmente o belo do chouriço português, que evaporou num abrir e fechar de olhos. Curiosamente, o frango foi a última das carnes do mix a acabar. Geralmente o frango é o valor seguro.
Depois do jantar, voltámos ao Grote Mart, ao já tradicional bar ‘De Zwarte Ruider’, o tal Cavaleiro Negro. Como hoje não estava à pinha, arranjámos uma mesa redonda com facilidade. A Ana fez questão de pagar a primeira rodada, cerveja para todos, e coca-cola para mim e para a Silvia, os dissidentes não-alcoólicos de serviço. Claro que ninguém arredou pé enquanto cada um de nós não pagou uma rodada ao pessoal. A conversa animada, e bem regada, demorou 30 segundos a descambar para o sexo, e foi o tema forte da noite. Pensando bem, costuma ser sempre o tema forte de qualquer conversa de Portugueses. Conversa de gajos? Esqueçam lá isso…. que elas são piores que eles. Afinal, quem ficou mais vezes corado foram os rapazes. Mas pronto, juntem 8 portugueses e algumas cervejas que dá sempre nisto…
À meia-noite, transformá-mo-nos todos em abóboras, e lá nos arrastámos para casa, que no dia seguinte, era dia de picar o boi.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Mais uma chegada atribulada

Obviamente, hoje não podia haver uma chegada normal à Laranja Electrónica. Vim de tram, atravessei as ruas, porque a paragem fica do outro lado do canal que divide esta avenida ao meio. Na ultima passadeira, onde ontem vi os cavalos e os guardas da rainha, sou hoje quase que atropelado por um Porsche Boxster preto. Como quase todos os Porsches, este também tinha uma loiraça lá dentro; mas neste caso –raro, note-se- a loiraça vinha ao volante. Virou para a Laranja Electrónica, e estacionou mesmo em frente da porta. Quando eu estava a entrar, reparei que ela também vinha para o mesmo edificio. Quem será a misteriosa loira do Porsche preto?

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Daqui a 2 semanas...

...cai o Carmo e a Trindade: Amsterdam Dance Event!

Primeira noite no ginásio

Ontem foi a primeira vez que fui treinar a sério no novo ginásio. Ainda não tenho o código mágico que permite fazer as mariquices todas, mas aquilo funciona à mesma.
Na parte das máquinas, há uma data de regras mariquinhas: não se pode ficar mais que 12 minutos na mesma máquina, mesmo que a seguir se passe para a máquina ao lado, não se pode usar t-shirts de manga cava ou tops para as senhoras,; e ao sair da máquina é preciso limpar com papel e um spray que lá está. Bom, afinal afinal isto é um Fitness Studio e não um ginásio. Definitavamente os 'Holmes Place' não são para mim. Podem ter montes de miudas vestidas de licra mas têm um ambiente que me dá cabo do juizo.
Lá me dediquei ao meu treino, e como seria de esperar, um ginásio como este está muito limitado em matéria de pesos livres. Só tem halteres, e apenas até aos 20 kilos. De resto, tudo máquinas. Claro que para fazer exercicios mais exoticos, não dá. O staff é muito simpático e disponível, mas percebe tanto disto como eu de dançar Ballet em pontas. Disse que queria fazer supino declinado, porque tinha de treinar o peitoral inferior, e ele disse "inferior? Mas o peitoral é só um musculo... Vai fazer pec-deck que também faz bem!". Djizus! Meu querido AssaforaGym...


Depois dediquei-me a uma variante muito popular de cardio que há por aqui: remo. As máquinas são baseadas em ar, pelo que quanto mais se puxa, mais ventania aquilo faz. Numa sessão de sprint, ia partinho a máquina...e o contador digital chegou ao indicador das 2000Kcal/hora, e depois fez reset. Estes holandeses são uns fracalhotes! Deviam ter destas máquinas nas universidades inglesas, ver o que é que eles lhes diziam.

A caminho dos balneários -brutais como seria de esperar- reparei do posters de uma nova modalidade: Nike Rockstar Workout Bollywood. Onde é que isto vai parar. Na Quinta-feira colo-me à vitrine da sala de aérobica para ver que raio de treino sai daqui. Dança do ventre com fatos de lycra e Nike Shox? É que só pode...
E acho que me decidi a experimentar os BTS- Les Mills. Depois de vários anos a dizer mal daquilo, convictamente, vou passar ao próximo passo: experimentar para passar a poder dizer mal a 3 dimensões. Lá tirei os panfletos dos Bodycoisos: bodypump, bodyattack, bodybalance, bodycombat... A ver vamos, como diria o ceguinho!

Manhãs Alucinantes

As minhas vindas matinais para a Laranja Electrónica estão cada vez mais líricas. Ontem, juntamente com o tram (os tais eléctricos cá do sitio), vinha uma empilhadora em plena avenida, a todo o gás. Basicamente, desceu a avenida quase à mesma velocidade que o tram. Lá dentro, estava um gordo careca, de cabelo quase rapado, enorme, todo vestido de preto, e com a tshirt atrás a dizer ‘PSYCHOTIC’. Pudera!

Hoje na passadeira de peões em frente à Laranja Electrónica, passou por mim uma charrette, com 2 guardas da Rainha, a ser puxada por 2 cavalos pretos que mais pareciam Rotweilers de 2 metros de altura. De facto, aquilo é um espectáculo imponente. Enquanto estes passavam pela estrada, uma moto-ambulância faz-me uma razia por trás. Mais 5 cms e quem precisava de ambulância era eu! De notar que aqui as moto-ambulâncias são umas Honda Pan-european, que rasgam nas horas, mas não fazem quase barulho nenhum. Aliás, aqui qualquer scooter faz mais barulho que aqueles bichos do inferno.

Amanhã o que é que irá acontecer? Disco voador ou camião do circo?

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Apartamento novo

Hoje foi dia de tratar da logistica. Preparar as coisas para a última noite no Apartamento 5, tratar da Bicicleta, fazer compras.
Fase 1: ver da bicicleta. Tinha de instalar o meu cadeado, para poder devolver o original ao polaco. Assim foi. Aproveitei e fui dar uma voltinha à praia. Curiosamente, no calçadão da praia não se pode andar de bicicleta. Mesmo que não fosse, também não dava. Basta que haja uma nesgazinha de sol, e Haia inteira desembarca na praia, como os tugas na Caparica, num Domingo de Agosto. Lá me fiquei pela estrada que fica ao lado.
A Orange Beach Cruiser trava a pedalar para trás, portanto aproveitei para melhorar a tecnica. Mas o maior problema é o arranque. Como é de tracção directa, não se consegue puxar o pedal para cima, como estamos habituados. Portanto tive de arranjar maneira de aprender aquele clássico "salto em frente" que os holandeses dão quando começam a pedalar. Numa das ruas interiores, em obras, estava a tentar ver se tinha o pneu de trás com pouco ar. Ligeiro desequilibrio, e BONK! Em cheio nas grades das obras. Tudo a olhar, para o papalvo das acrobacias. Eu fiquei inteiro, mas a campainha não. Agora deixei de ter buzina! Snif! Apanhei as pecinhas todas, mas mesmo assim não funga deve ter havido qualquer coisa que partiu. Entretanto reparei que a minha super-bicicleta tem uma largura descomunal, pelo que não se adequada em nada a ruas comerciais.
Passando pelo AH (vulgo Albert Heijns, o LIDL cá do sitio) trouxe umas superbolachas de maçã em compota e passas. Brutais. Queria trazer também leite com chocolate magro. Fui ao sitio do leite, encontrei a versão achocolatada, e trouxe a versão 0% de gordura. Quando cheguei a casa, saiu-me qualquer que parecia pudim. De facto, tenho de começar a aprender holandês. Mesmo sem holandês, marchou que nem ginjas, que isto de pedalar abre o apetite. Sobretudo quando se tem de subir numa bicicleta sem mudanças!
A minha bicla-do-inferno faz um basqueiro descomunal... Chia e estala por todos os lados. Já fui informada que aquilo é mesmo assim. Também já pedi WD-40 a um colega meu, mas deve ser da estrutura metálica que tem um parafuso a menos. Sai ao dono, tá visto. Eu digo que faz mais barulho que as outras, porque toda a gente olha quando passo, MESMO quando não me estampo. Fui a uma bomba de gasolina, não atestar como teria feito se tivesse em Portugal, mas verificar a pressão dos pneus. Os da bicicleta, não os meus, claro. A máquina era digital, e eu não fazia a minima ideia de quantos bares é que aquilo levava. Olhando para a fabulosa qualidade da borracha dos meus pneumáticos, decidi ficar quieto. De raspão, olhei para o selim - que julgava partido- e percebi que uma das molas estava mais baixa que a outra. Comecei a rodar, enchi as mãos de ferrugem, mas fiquei com o selim nivelados. Aproveitei para aumentar a altura do selim mais um pouco, porque já não preciso de travões Timberland com tanta frequência, e assim também já não pareço o marreco a pedalar numa bicicleta com estilo. No entanto, tenho de tratar da cena do barulho. É um facto que sem campaínha até dá um certo jeito ser ouvido à distância, mas não é nada agradável quando se tem de pedalar meia-hora de seguida.

No regresso a casa, toca a empacotar a tralha, ir ver o apartamento, ver como funcionam as coisas. Deixar lá a maioria das coisas, porque de manhã o plano é tomar banho, deixar lá o restante (o apartamento novo fica a 234 metros do Apartamento 5) e seguir, na LaranjaRolante, para o trabalho. Yeehaa!

Primeiro fds em Den Haag

Começaram a chegar as visitas. Era fds comprido em Lx, e basicamente todos os portugas tinham cá amigos. Na Quinta-feira, o jantar foi num restaurante chinês perto do centro, chamado Shirasagi. Por fora tinha bom aspecto.... e por dentro também. Como seria de esperar o staff tinha os olhos em bico. O problema começou quando reparamos que os clientes também. Todos. Nós eramos os únicos ocidentais no meio de 100 pessoas. No centro da sala estavam mesas enormes, redondas, em que familias inteiras de chineses em 3 gerações deglutiam pratos enormes de comida. Eles podem ser baixinhos, mas fome não lhes falta. Depois de apanharmos uma mesa perto da janela, começamos a rezar para que o menu fosse pelo menos em caracteres perceptiveis. Holândes? Marcha... Porco Agridoce há de ser compreensível mesmo neste linguajar açoreano. Agora caracteres chineses, seria mais complicado. Calhou-nos uma ementa em holandês, mas com tradução em inglês. E pronto, estávamos a jogar em casa. Até tinham números. Mas os chineses de cá são mais refinados. Usam 4 dígitos para referenciar os pratos. Qual será o passo seguinte? Códigos de Barras directamente nos menus? Começou a dança da escolha; entre as curiosidades da praxe, estavam umas coisas que não costumamos ver pelas nossas bandas... Tripas de porco recheadas e fritas? E eu que julgava que isto só havia na Inbicta! Um porco inteiro??? Bom, será que também traz uma coleira a dizer 'Tareco'?
Com estas divagações, ficou-se pelo seguro. Galinha... 2 pratos diferentes de almondegas de galinha. Lá ficamos à espera...eternidades. Quando chegaram os pratos, julgavamos que havia algo de errado. Um dos pratos vinha servido numa tigela de Chau-min cru, com a tralha lá dentro. E o prato de almondegas....era um molho de bróculos. "Chicken meatballs" não passam afinal de um strogonoff de galinha mal-passada.
Sobremesa? Pudim de manga! Em formato de peixe! Oba-oba! Qd chegou, à primeira colherada ficamos com a sensação de que o pudim de manga em formato de peixe, era afinal pudim de truta. Manga chinesa deve ser muuuuuuito diferente da nossa.
Erro três. Pedir café. Voltando a falar português, baixei a guarda e foram encomendados "cafés". Erro crasso. Tudo o santo portuga tem de saber que quando se está em roaming, temos de trocar a palavra CAFÉ por EXPRESSO. Senão sai....chá de café em balde. E assim foi, balde de café à americana, com direito a pacotinho de natas como nos aviões.

Na Sexta-feira, o evento social foi a ida à Casa das Panquecas,junto à praia, em que o menu era de facto....panquecas. Neste jantar havia Portugueses e Italianos. Cada um pediu uma panqueca, na realidade um crêpe, e no fundo saiu uma pizza em massa fina e mole. Uma das portuguesas pediu um crêpe que me fez lembrar um bitoque, porque trazia um ovo a cavalo. Panquecas para a sobremesa? Não podia ser, porque os mestres cucas já tavam a arrumar a tralha... Portuga de facto aqui sofre com os horários. Lá nos ficamos nós pelos gelados. Houve granel com os pedidos portanto ainda conseguimos ficar com um gelado à pala.
De seguida lá fomos nós para o centro da cidade. Primeira paragem: Grote Markt. Embora tivesse a chover de 5 em 5 minutos, a mega-esplanada do centro da cidade tava montada. Pior: tinha gente. Enfiámo-nos para dentro do Cavaleiro Negro, um dos bares que por aqui há. E ainda conseguimos arranjar uma mesa no primeiro andar. No meio da palhaçada ainda tivemos a oportunidade de ver a Ana a fumar em estéreo, e de ver o que os holandeses chamam de vodka-redbull. Uma lata de RedBull, e um shot de vodka ao lado. Curioso... Depois de umas cervejas, fomos para uma disco ali pertinho, onde em 100 metros apanhámos uma molha descomunal. O coitado do Manel trouxe a bicicleta, mais valia ter trazido o JetSki. Lá dentro, um pavilhão com música a abrir, ambiente tipo industrial; o espaço parecia fixe, mas faltava ali qualquer coisa. Por lá a passear, os filmezinhos do costume. As torres, as velhas de 50 de mini saia, os seguranças-portão-de-quinta. Curiosamente, a Brigada-Boiola não marcou presença neste evento. Embora estive longe de estar ao rubro, havia 2 bailarinos negros que lhe davam forte e feio no breakbeat, e houve percussão ao vivo. Pena de facto não estar mais gente, ou o ambiente não ter aquecido mais.
No regresso a casa, lá fomos pela avenida-sem-carros, onde em 100 metros de largura de passeio deserto, quase iamos sendo atropelados por uma brigada de bicicletas apressadas.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Número Holandês

Hoje na sessão de compras de 5ª feira à noite comprei uns calções de desporto em saldos, para poder ir ao ginásio, e um cartão holandês para o telefone!

Aqui fica o número: +31 614575649

Agora já me podem ligar sem que eu pague um balúrdio em roaming!

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Agora estou a pedalar noutra dimensão

Como estava previsto para hoje, fui ter com o anão polaco, o dono da bicicleta. Lá fizemos o negócio e ele foi simpático, e emprestou-me o cadeado dele até eu poder comprar o meu durante o fim-de-semana.
Colocando a minha querida dentição em risco, andei 100 metros na bicla nova. Por 40 euros, também não se pode pedir muito; aquilo falta-lhe uns parafusos, tem um pedal pela metade, e o selim tem uma mola partida. Só gostava era de saber como é que o polaco de meia tigela e os seus 40 kilos conseguiram partir aquela mola. Afinal pedalar para trás não é muito dificil, e basta um toque na direcção contrária para a bicicleta abrandar fortemente. Aliás, ainda não tinha pedalado 10 metros, já estava mais preocupado em não bater com os joelhos no guiador do que em saber como travar, porque o selim está à altura de uma criança de 12 anos.O meio-polaco foi porreiro, e trouxe-me a bolsinha original que vinha com a bicla, e com todas as ferramentas que são necessárias. Portanto, um dos passatempo deste fim-de-semana vai ser afinar aquilo tudo. Ao menos, fazer com que os joelhos não fiquem todos pretos no primeiro kilometro.
O negócio decorreu à hora de almoço, e quando me ia preparar para ir para casa na bicla nova reparo que tava a chover a potes. Devia era ter comprado uma piroga em vez de uma bicicleta, tou a ver. E ainda não desisti da ideia de vir para o emprego de Jet-Ski. Mas pronto, de volta à terra. Molhada. Lá ficou a coitada da Orange Beach Cruiser a noite ao relento, e fui à minha vidinha de eléctrico.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Ginásio e Bicicletas

Estava eu a montar a minha area de trabalho na Laranja Electrónica, quando dei de caras com uns foruns na intranet. Com o meu poderoso holandês, encontrei a parte dos anúncios, e dei de caras com uma bicicleta da própria Orange, a Orange Beach Cruiser, à venda pelo espantástico preço de 45€ por um caramelo com um nome árabe. Mandei-lhe um mail, a dizer que gostava de ver a bike. Marcámos uma hora, no hall de entrada, e lá fui eu. De notar que a Orange Beach Cruiser é uma bicicleta do estilo clássico, sem travões, ou melhor, com travões-de-pedalar-para-trás, ao estilo nórdico. A bicicleta ta de facto um bocado batida, levou 3 anos de prá-frente-e-pra-trás nesta cidade. Afinal, o árabe era polaco,e tinha metro e meio. Pior ainda, já tinha tado em Portugal, na Caparica, num intercambio cultural do programa Tempus. Disse-lhe que ia pensar... Mas 45€? Por uma coisa que garantidamente anda, tem estilo, e não vai ser roubada nos próximos 5 minutos? Acho que vou arriscar. Não os 45 aérios, obviamente, mas sim a dentição, que nunca andei numa bicicleta sem travões de gente... Amanhã falo com o polaco de nome árabe.

Depois do trabalho fui com 2 dos tugas, o Pedro-cromo-do-billing, e o Miguel, a um ginásio, o SportCity. Por 40 euros, temos direito a um Holmes Place, com squash, solario e sauna incluidos. A sala de máquinas é brutal, tem DEZENAS de postos, as máquinas recebem um código, e ajustam-se automaticamente em carga, posição e repetições. Tecncologia da Guerra da Estrelas (chama-se FitLinx). Ouvi dizer que no final do treino ainda manda para casa um mail com o treino efectuado, e a evolução da forma fisica. Muuuuuito à frente. E claro, ainda há as aero-tretas, tipo body-combat, body-attack, step, e uma modalidade nova, chamada Nike-qq-coisa, que segundo nos foi dito, é uma mistura de streetdance com danças dos filmes de Bollywood. Ah, e também há umas aulas de Thai-bo lá perdidas pelo meio. Se calhar vou experimentar, só naquela de aprender os números...
Como não há bela sem senão, este ginásio tem o seu toquezinho holandês... Mangas cavas ou cortadas? Nope... Tem de ser t-shirt normal. Os ténis não podem ter sola preta, por causa dos courts de squash, e as empregadas da recepção à noite são todas marroquinas. Como é que eu sei? Porque o Pedro-cromo-do-billing começou a falar com elas em árabe, que ele aprendeu quando viveu dois anos em Rabat.
Aparte isso, por 40 euros pareceu-me um bom negocio, embora seja do outro lado da cidade. Por enquanto, isso não chateia, porque há um eléctrico directo de lá para o famoso Apartamento 5.
Amanhã começo treino: tratar da Alma, que o Corpo já não tem cura.

Regresso à base

Hoje foi dia de regressar à Socalândia. Avião das 6, atrasado, o que não era de estranhar. Tralha às costas para não levar bagagem de porão, porque Schiphol é grande como tudo, e as malas demoram eternidades a chegar. E já me chega de aeroportos por uns tempos. Desembarquei por voltas das 22h30. Quando dou por mim, estou rodeado de palitos loiros, muito loiros entre 1,80m e 1,90m. Algures num avião que chegou à mesma hora que o meu, estava a chegar a selecção nacional feminina de volley. Provavelmente juniores, porque tinham todas prai 20 anos. Será que encolhem quando ficam mais velhas, e portanto a equipa nacional tem de ficar pelas mais novas? Fica o mistério... E lá atravessei eu os terminais qual anão-trabalhador-de-minas-de-carvão, porque tinha prai 8 kilos às costas. A maior delas todas devia ter prai 1,95m. É mesmo uma loira muito grande. Ok, tambem devia ter praí 50 kilos, de tão tábua de engomar que era. Só se via os ténis, e o carrapito, que deveria fazer parte do uniforme, porque todas faziam questão de o usar juntamente com o fato de treino verde azeitona, que parecia comprado na feira de Carcavelos num dia de saldos. Como é que eu sabia que era a equipa nacional de Volleyball? Porque tinham os fatos de treinos a dizer VOLLEYBALL NEDERLAND. Digam lá que o portuga não é esperto, ahn?
Porque é que isto se chama Países Baixo, se aqui o pessoal é todo esticado à nascença??? Qualquer dia ainda vou tratar de encontrar uma equipa de rugby local... só naquela de saber se eles também conseguem ser largos, para além de esticados.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

FDS mirabolante

Cheguei a Schiphol, por volta das 4h da manhã... para um vôo das 7h. Como estava com a tal mochila às costas que depois de um dia de trabalho e uma noite em Amsterdão parece um menir do Obélix às costas de quem não tomou poção mágica. Toca de fazer check-in e ir bater uma soneca. O vôo era da Lufthansa, e a zona do check-in era partilhada pela SAS e pela British Midlands. As 4h40 da manhã já estava uma fila grande. Nada de especial....se ao menos andasse. Para chegar ao balcão, demorei 2 horas. Quando chego, a menina diz-me que não estou no sistema. Então eu todo sorridente, saco do print out que me tinham mandado da empresa, com código de reserva e tudo. "Pois, mas este bilhete ainda não foi emitido, tem de ir ao balcão dos bilhetes da Lufthansa para eles o emitirem." Porra, 2 horas de pé, e depois isto?? E lá fui eu a rogar pragas para o balcão da Lufthansa, onde uma jarreta de 100 anos já com raizes das toneladas de base que tinha na cara me disse que "tinha reserva, mas não tinha bilhete porque não tinha pago ainda". E eu saco de novo do print-out, que lá tinha o preço chapado e tudo. "Pois, mas o pagamento não foi feito.". E a unica maneira de embarcar é pagar o bilhete. Depois de rogar pragas a toda a empresa, em particular à minha chefe portuguesa que tinha resolvida tratar pessoalmente da questão, saco do meu cartão. Não passa. Não passa??? Pois... Ah tábem...não há crise, que eu tenho mais uns dez. Pois, mas todos Visa Electron. Como são cartões de débito, não passam nas companhinas aéreas, por alguma razão desconhecida. E a senhora da Lufthansa "não há dinheirinho, não há bilhetinho". E eu já a deitar fumo pela orelhas, a 20 minutos do meu vôo. Para cumulo, teve um ataque de paternalismo e disse-me "^Nunca viu um cartão de crédito? Eu mostro-lhe um dos meus!" Aí que eu comecei a ver tudo vermelho, e só tive de não ter um cartão do RaboBank (um dos maiores bancos da Holanda, para quem não sabe) ...para lhe dar o uso devido, claro.
Ainda fui ao piso de baixo, tenta sacar a massa das caixas Multibanco, mas nenhuma delas deixa sacar tanta massa de uma só vez. E lá se foi o meu vôo. Apeado em Schiphol, podre de cansaço, fui ver dos próximos vôos para Lisboa. Só ao meio-dia e meia. KLM estava esgotada, só sobrava a TAP. 550 euros o bilhete de ida-e-volta. Incha. Lá voltei eu ao piso das caixas multibanco, andar a colecionar notas de caixa em caixa, até chegar ao dito valor. E depois lá voltei eu ao balcão da TAP com um molho de notas, tipo Lello da Purificação, comprar o meu bilhetinho. Como a senhora foi simpática, e eu não tinha bagagem de porão, deu-me directamente o cartão de embarque. Passei rapidamente pelo restaurante -sim, porque afinal só tinha de esperar mais 5 horas- para comer uma tarte de maçã com cajus e um capuccino, enquanto o sol nascia, e arranquei para o terminal 2. Encontrei a minha porta de embarquei, descobri qual era o spot em que conseguia dormir: havia uma mesinha entre 2 cadeiras, que dava espaço para uma pessoa cair para o lado sem fazer contorcionismos por debaixo dos braços das cadeiras. Com a mochila a fazer de almofada, o telemóvel com o despertador ligado para a hora de embarque, comecei a dar violentamente ao serrote. Não sei se alguém reparou, ou se a segurança foi chamada, mas foi uma grande soneca. Hora do embarque, tudo a horas. Dentro do avião, voltei a calçar as sapatilhas para dormir depressa. E aqui fui para Lisboa. Na portela, foi directo para casa, onde a minha fiel caminha de todas as horas me esperava, para o ultimo acto desta soneca tripartida.
Ao fim da tarde, lá me levantei, tomei banho e fui para a despedida de solteiro da minha amiga Sofia. Sui Generis, como a própria. Pela primeira vez, fui a uma despedida de solteiro em que ambos os noivos estavam presentes, e não houve brasileiras a saltar do bolo nem a dançar em cima do noivo podre de bêbado. Uma casa alugada na Aroeira, onde se enfiou tudo o que era amigos, com jantar de grelhados. No dia a seguir, o almoço da ressaca foi massa de frango, salteada com alho. Ao fim de Domingo, lá voltamos nós à nossa vidinha, com mais umas histórias para contar ao netos.

domingo, 1 de outubro de 2006

Primeira ida a Amsterdão

A primeira ida a Amsterdão foi combinada à saida da Laranja Electrónica. 23h na estação central de Amsterdão. Eu tinha de ir pra casa tratar das papeladas do fds e do contrato em Portugal, e seguia no avião das 7 da manhã para Portugal.
A ideia original era deixar a mochila com o portátil e alguma outra tralha no aeroporto e seguir para Amsterdão sem nada às costas. Pois, as coisas atrasaram, e eu não tive tempo de parar no aeroporto, tive de ir directo para Amsterdão.
Na gare, fui ao balcão dos bilhetes e pedi um bilhete para o aeroporto, via Amsterdão. Para quem não conhece a configuração aqui do spot, isto equivale a chegar a Santa Apolónia e pedir um bilhete para Coimbra via Porto. O gajo nem pestanejou. "12 euros!" incha, portuga-habituado-a-precos-da-CP.
Enquanto eu esperava a minha vez, estava em 2 grupos de blacks-armados-em-Puff-Daddy, e o grupo de trás tava a mandar que o da frente estava a demorar muito tempo. O funcionário atrás mando-os calar com maus modos, e ia rebentando a terceira guerra mundial. Curiosamente, tudo aos berros, mas ninguem se mexeu. Eu até achava que tava ali mal, e já me estava a preparar para a bela cena de wrestling, com o revisor a saltar pela janela de vitral, e a policia de choque a entrar em cena para um ballet de bastão em 3 actos. Mas não, não passou dali. Atrás do grupo de blacks, estavam senhoras de meia-idade, miudas de 20 anos loirinhas, e mais uns quantos civis. Ninguém pestanejou, portanto, aquilo devia ser normal. Este gajos são mesmo muito estranhos.

E pronto, cá fui eu com o portátil às costas para o Circo. Chegamos todos ao mesmo tempo, e para além dos portugueses, tava o Roman, o meu boss francês. Pelo que percebi, ele de vez em quando sai com a malta. Ainda por cima foi ele que tomou a dianteira. Primeira paragem: um bar calmo, com DJ ao vivo, de decoração tipo Gustav Klimt. A caminho, uma das portugas fez-me o briefing: à esquerda tá o Red Light District, à direita tá a zona comercial, etc... Em 400 metros de trajecto comecou a chover aos baldes por 2 vezes, e a trovejar, mesmo quando não estava a chover. No bar propriamente dito misturavam-se miudas arranjadinhas com tipos de rastas, velhadas tipo múmia, e uma coisa, carinhosamente por nós apelidada de "o Bicho", que parecia (sim, parecia, porque em Amsterdão nunca se tem certezas...) uma gaja de meia-idade, de traços meio-africanos, com oculos grossos, cabelo comprido platinado e frisado, vestida com trajes de BTT. Ah, e com headphones. No entanto, quando gostava da música que o DJ passava, punha-se a dançar aos saltos como se aquilo fosse uma discoteca. Quando não gostava, sentava-se e punha os phones como se entrasse em zen.
Charros? Aqui, chamam-se cigarros. No bar, não vi comprar nenhum, não percebi se havia, mas toda a gente sacava de umas caixinhas cónicas com os ditos lá dentro. Os meus tempos de entendedor de cannabis já lá vão bem longe, e só pelo cheiro não percebi se aquilo que circulava à minha volta era forte ou fraco.
Passadas umas jolas, decidiu-se mudar de spot. Ir a uma discoteca chamada Panamá. Apanhámos 2 táxis, e quase que atravessámos a cidade. Ao pé do rio estava um edifício meio betão, meio tenda de casamento, com cores cinzentas e vermelhas. Pusemo-nos na fila para entrar, batemos 15 euros para entrar (só bilhete), fomos revistados dos pés à cabeça. E aqui começou o granel. Eu costumo por os meus comprimidos diários dentro de ovos kinder. E sempre andei pelo mundo inteiro com aquilo no bolso. Claro que no Panamá, a segurança indonésia que me revistou, olhou para aquilo, e chamou um colega, black, de altura normal, mas de largura de portão de quinta. Começaram a falar entre eles, e eu só percebo "....police box...". O black desaparece com os ovos kinder, e eu ali especado a olhar pra indonésia. Ela continua como se nada fosse. Eu pergunto "E atão? Os meus ovos kinder? Demora muito???" Ela ficou a olhar para mim com cara de parva, e eu chamei o black-extra-large.
"Os ovos kinder?" perguntei eu.
-"Ah, foram para a Police Box." disse o black.
-"Todas as drogas vão para uma caixa selada pela policia."
-"Mas aquilo são os meus comprimidos normais! Como é que eu faço para ter os meus ovos de volta?"
-"Ah... Não fazes. Aquilo só a Policia é que pode abrir."
Ia começar eu a fazer o belo do luso-escarcéu, quando ele me disse: "Não vais precisar deles agora, pois não? Entao quando saíres, falas comigo ou com aquele tipo de cabelo cinzento, o chefe da segurança." Olhei para a zona da porta, e lá vi o tal chefe. O que o black de largo, tinha este de alto. Este era -apenas- portão de prédio, mas tinha 1,95m. E aspecto de quem tinha feito 3 campanhas na guerra do golfo. Claramente, tinha aspecto de militar.
Bom, dito isto, lá fui eu curtir. Largar a mochila no bengaleiro, e mais metade da roupa, que lá dentro estava um calor infernal. A pista principal fazia lembrar o antigo Indochina em espaço, e o som era música de dança com muito pedal. Boa onda. Estava a haver um evento qualquer com o DJ e alguma relacionada com moda, mas não deu para perceber ao certo o que era. Ao longo da noite foram passando por nós todo o tipo de gente. Altos, baixos, gordos, velhos, top models, ... Um autêntico circo. No entanto, as miúdas deste circo são de facto muito giras. As bebidas não são caras, com a Coca-cola servida a balde a 500 paus, e a cerveja mais ou menos a mesma coisa. Atrás de nós estava um grupo de quarentonas, vestidas como se tivessem 20. Mas nada de passar vergonhas. Aliás, acho que há umas quantas vintonas da FCT que nunca tiveram tão em forma como aquelas anciãs. Um monte de pessoal que claramente estava em Amsterdão de passagem, e mais um monte de estrangeiros que de facto já lá tinha estado antes.
Mudámos para a outra pista, dedicada ao hiphop e ao Reggaeton. De repente, parecia que tinha desembarcado no Harlem. Tudo pessoal seguidor do Puff Daddy, e do Wu Tang Klan. Embora noutro estilo, este DJ também dava cartas. Vejo um tipo passar com o capuz da sweat shirt posto. O tal black-extra-large aparece de nenhures, e diz-lhe "é a segunda vez. Não vai haver próxima." E o tipo lá tirou o capuz e continuou a sua ronda pela pista, agora destapado. Já deu para ver que aqui a segurança não brinca em serviço. Tolerância aqui não falta, e complicado é dar nas vistas, mas não é preciso muito para começar a haver molho.
Mais um bocado e dois dos nossos elementos começaram a acusar o cansaço. Ok, o pessoal foi saindo, buscar as tralhas ao bengaleiro, e eu fui falar com o tal chefe da segurança. "ah e tal, porque não temos maneira de saber se são de facto comprimidos normais ou drogas..." Eu até compreendo, mas ao menos perguntem! Então lá começa o luso-escarcéu, e o chefe da segurança sempre a retorquir que não pode fazer nada, porque só a policia mexe ali. Quando eu lhe disse para então chamar a policia que eu não arrancava dali sem os meus ovos kinder, é que ele percebeu que eu não tava a dar a treta e então mudou de côr. Desapareceu 1 minuto, voltou com 2 fitas de imobilizar pessoas (vulgo aperta-cabos) e um rolo de fita macgyver. encaixou as duas fitas, meteu uma bola de fita cola na ponta e pôs-se a enfiar aquilo na Police-box, que tem aspecto de uma caixa de correio blindada. Por milagre, um dos ovos kinder saiu à primeira. O segundo não... Então começa a sair saquinhos de pó, saquinhos de comprimidos de ecstasy, coisas que nunca tinha visto na vista mas que de certeza não eram nada de parecido com os meus comprimidos das alergias e da tiróide. Só aí é que eu percebi o nível de cenas que ali iam parar. Claro que os charros entram como se fossem tabaco, mas pózinhos brancos não podem entrar. Entretanto apareceu um chinês a mandar vir em holandês, e os tugas que estavam lá fora sem perceber a cena já estavam a bufar. Então decidi pôr-me a andar. Afinal, comprimidos destes é o que não faltam cá por casa, e ninguém morre (pelo menos eu) com um fim de semana com febre dos fenos.
Apanhamos o táxi de novo para a Central Station, e perdemos o comboio por 2 minutos. Era por isso que os tugas tavam a bufar. Àquela hora, só há comboio para Haia a cada hora, portanto iamos gramar 58 minutos no cais da estação, a cair de podres. Claro que -por dentro- eles deviam tar a rogar-me pragas, mas lá abancámos todos num banco corrido, à espera que o tempo passasse. À noite, para evitar confusões, o controlo do s bilhetes faz-se antes do cais de embarque para evitar que pessoal sem bilhete vá armar confusão lá para baixo. Aí é que o revisor achou estranho o meu bilhete: "entao este gajo tá no porto, e quer usar um bilhete que diz Lisboa-Coimbra?"; já se esperava o granel. Chamou o chefe, que viu que aquilo era estranho, mas era mesmo assim, e mandou-me seguir. Claro que os tugas que nunca se meterem nestas alhadas, já começavam a coçar a cabeça sobre como é que eu me conseguia meter em tanto confusão, sobretudo sem beber. Nem fumar!
Passado uma hora de seca, lá fomos no quim-bóio. Eu fique em Schiphol,o aeroporto, enquanto os tugas seguiram para Haia; e aqui começava o resto do meu fds...