terça-feira, 22 de setembro de 2009

Doisneau em LEGO



E sempre bom quando vemos alguem que partilha os mesmos interesses que nos. Melhor ainda, e quando descobrimos alguém que os consegue combinar. Isso sim, e de valor.

O Holandês Rastejante – ou seja, a minha humilde pessoa – e um grande fa de LEGOs desde tenra idade, e faz da fotografia um dos seus hobbies. Julgava eu que seria difícil combinar os dois, para alem de tirar as fotografias dos catálogos que colecciono avidamente desde que me conheço por gente. Reconheço o desafio técnico de fotografar as pecinhas coloridas, tal como qualquer pessoa que já fotografou em estúdio: devido a grande quantidade de arestas bem delineadas, fotografar uma cena em LEGO e um pincel porque fica cheia de sombras. Com luz a mais, a imagem mais parece um desenho animado de segunda qualidade.

Ate que alguém decidiu reinventar a roda: recriar as obras classicas dos grandes mestres da fotografia (Robert Doisneau, Robert Capa, etc…) com as personagens da LEGO. O génio que merece beijinhos chama-se Mike Stimpson, e para alem da originalidade, tenho de lhe tirar o chapéu pela qualidade das imagens que publica. Podem ver mais imagens na galeria.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Nova Musica Brasileira

O Holandes Rastejante e o seu Cerebro de Ervilha (ou seja, eu e o meu neuronio de estimacao) esta muito bem em casa, quando uma amiga esgroviada liga e diz: “Olha, tamos aqui ao lado de tua casa, no Muziekgebouw. Passa por ca!”. E eu, ainda mal refeito de um extenuante dia de trabalho, fui em modo hipnotico pra cima da bicla, e la me arrastei os 400m ate ao fundo da rua.

O Musiekgebouw e a Casa da Musica ca do sitio, e fica literalmente ao fundo da minha rua, a boiar sobre o ‘mar’ de Amsterdao, o IJ. Primeiro desafio: a entrada e uma rampa, entre um viaduto e o ultimo piso do edificio, com um vao descomunal por baixo. A rampa e solida, mas como a proteccao lateral e apenas constituida por fios de aco, o horizonte visivel chega ate a agua que passa por baixo de nos. E eu tenho vertigens… Segundo desafio: encontrar a esgroviada e a sua amiga no edificio. Aquilo tem dois restaurantes, uma esplanade, e estava tudo a pinha. Para ajudar a festa, portuga que se preze nao e grande. E de facto, la estava ela por detras de um….turbante! Sim, tambem ha disso por aqui.

Abancar, apresentar os desconhecidos, divagar sobre as saladas do menu -muito boas, por sinal-, e descobrir q a amiga e outra tuga, simpática, perdida na terra das socas, trabalha em biotecnologia, e originalidades das originalidades: tem um blog! Original mesmo, e que uma tuga em Setembro consegue estar mais branquinha que os holandeses que a rodeiam. Como diria o Ali G: Respect!

Entre duas garfadas e uns bitaites: “-ah e tal, nao queres vir ao concerto connosco?
- Humm… E o concerto e o q?
- Nova musica brasileira. Parece muito fixe!
- Euh…. Bom, entao nao tenho nada de util que fazer esta noite, e esta semana nao fui ao SneakPreview. Ondek se compra o lhete?”
E la fui eu a procura da bilheteira. Ao lado, la estava o poster do dito concerto: “Nova Musica Brasileira by Nieuw Ensemble”. O meu 6o sentido adquirido ao longo de dez dolorosos anos na Academia de Amadores de Musica tilintou, mas como esta tão enferrujado como o meu solfejo, não liguei. Coisas tocadas por ‘Ensembles’ não costumam ser recomendáveis.

La entramos, com direito a um livrinho tipo opera, e demos de caras com um auditório bastante composto, mas com uma audiência…euh…mista. Desde a avo do violonista ate ao pseudointelectualoide armado ao pingarelho, tava la de tudo. Segundo o livrinho, iríamos assistir a 7 pecas de compositores comtemporaneos brasileiros, elaboradas especialmente para aquele evento e para aquele ‘ensemble’. As festividades começaram com “Dois pássaros mecânicos e uma gaiola melancólica”….e a partir dai foi sempre a descer. Como vem sendo normal na musica clássica de vanguarda (note-se o ridículo dos termos) o guitarrista fazia percussão no corpo da viola, e um dos instrumentos do percussionista era um saco de plástico amarelo pendurado num suporte de um microfone. E claro, não esquecer o baixista que largava o instrumento para tocar…lixa. Sim, junto a partitura, tinha 2 pedacos de papel de lixa que esgravatava afincadamente quando o maestro lhe fazia sinal.

Nos, os 3 estarolas, já so nos riamos. O que esperar do próximo trecho? Como se veio a confirmar: pouco, muito pouco. A coisa não melhorou. Mas fica a memoria de uma noite diferente, e de mais uma historia para contar aos netos!