terça-feira, 16 de março de 2010

Hradcany – parte 3

La vou eu mais uma vez a caminho de Praga!
Ou melhor, já ca estou.

E la estou eu a mentir outra vez: desta vez, a única coisa que vi de Praga foi o…aeroporto. Bom, vamos começar pelo principio: tive de vir instalar o software da minha companhia a um cliente. O cliente e a Galp, versão checa. Estava eu todo contente de ir parar a uma cidade interessante como Praga, a conta da empresa, coisa relativamente rara para quem anda no mundo do software.
Claro que isto eram as minhas aspiracoes de maçarico. Eu faço software para refinarias, e portanto, “a refinaria de Praga” não fica propriamente no Bairro Alto ca do sitio, mas sim a 30km da cidade, no meio de nenhures, perto de uma aldeiazeca chama Kralupy. O hotel também não e propriamente central: por uma razão que eu desconheço, fomos parar a outro buraco perdido nas imediacoes de Praga, chamado Rostoky. Digamos que e uma zona rural, com uma ilha de prédios a volta da estacão de quim-boio. Nessa ilha, esta o Hotel Academic. Aspecto moderno. Por dentro e por fora.
Para quem viu o Bloco de Leste e o seu aprimorado sector hoteleiro em 91, isto e uma revelacao. Uma recepcionista que fala inglês, alcatifa, cartões com chip para entrar nos quartos… Enfim, um hotel convencional.
Claro que há coisas que não mudam: assim que entro no quarto, com 2 camas de solteiro, noto que as camas estão feitas a maneira checa –ou seja- com o edredon dobrado ao fundo da cama. Dirijo-me a cama da direita, puxo a almofada e dou conta que o lençol que deveria cobrir o colchão fica 40 cms abaixo do desejado. Quem quiser dormir naquela cama, ou usa almofada, ou enfia a cara no colchão. Ora bem. Cantando e rindo, la me dirigi para a outra cama. Olho para cima: no tecto falso, onde deveria estar a estrutura do candeeiro embutido, esta de facto uma lâmpada fluorescente. Do resto da estrutura….esta la o sitio. E por trás, uma linda paisagem de cabos industriais a passar soltos por cima do tecto falso.
Claro que tudo e relativo: reclama-se das pequenas coisas… mas isto não e nada comparado com o que era antes, e muito menos com aquilo que vi em Goa, onde havia agua quente 4h por dia, os rolos de papel higiénico pareciam amostras, e quando me sentei na cama….ela partiu. Reclamar dos pequenos detalhes checos? Nem pensar!

6h30, alvorada. Aos zigzags, la vou eu a procura da casa de banho. Uma das luzes por cima da bancada esta fundida, portanto hoje so devo ter a barba bem feita de um dos lados; do outro devem faltar bocados, e ter pelo soltos no que resta. Duche: abro a torneira e ouço uma torrente de agua, quente e tudo. Nada como um duche valente de manha para acordar. Salto para dentro da banheira, e com agarro no chuveiro, a agua sai com uma pressão irrisória. Quente, mas parecia que a agua que há segundos eu tinha visto a jorrar da torneira se tinha assustado com a minha cara de sono, e insistia em não sair. Mas como dava para tomar banho confortavelmente, nem liguei muito. A meio do duche, percebi o mistério: a bicha tinha uma fuga descomunal, e portanto a agua deslizava do lado de fora, para baixo. Eu so apanhava com o resquício que não fugia.
A parte surreal esta no facto de sermos apenas 3 hospedes em todo o hotel naquele momento. Não haveria nenhuma razão para ter um quarto a cair aos bocados.
Hora do pequeno almoço: como o colega holandês fez questão, la estava eu as 7 em ponto na sala do pequeno-almoco. O mesmo não se podia dizer do pequeno-almoco propriamente dito. Havia uma arvore com taças de vários tipos de cereais de pequeno almoço, uma maquina de café, e uma maquina de sumos. O resto…nada. E também não havia vivalma a vista. La esperamos um bocado, e apareceu um empregado vestido de pinguim com laçarote, com 2 pratos com algumas carnes frias, umas fatias de tomate, pimento e pepino. Já vi que nesta terra pimento vermelho e pepino nunca falta, seja qual for a hora do dia. Na viagem seguinte, la trouxe um cestinho de pão, umas manteigas e afins. E depois perguntou: “Ovos estrelados? Mexidos? Bacon frito?” Uma vez que não tinha jantado, eu disse que sim aos ovos estrelados. E ele la desapareceu mais uma vez. Deve ter ido fazer cócegas as galinhas para elas porem os ovos porque os ovos demoraram pelo menos 20 minutos ate aparecerem.
Depois do épico pequeno almoço em fascículos, la nos fizemos a estrada ( forrada a queijo suico, de tanto buracos que há nesta terra) a caminho da refinaria, para começar a jornada de trabalho.