sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Primeiro dia na Laranja Electrónica

Hoje era o primeiro dia na Orange.
Para não acontecer a mesma barraca de ontem, meia hora antes já la estava plantado à porta. As 10h em ponto, precisão suiça, ligo para quem me ia acolher, o holandês que vai ser o meu superior hierarquico, Eelko Smardijck. Quando vi o bicho, até me arrepiei. Um autêntico marreta! Alto e loiro, como manda o figurino, mas desengonçado como o Peter Crouch, da selecção inglesa de futebol.
Primeira démarche da manhã, encontrar o spot pra me sentar, preencher os milhentos formulários para passar a ter cartão da casa, e ainda instalar o computador. Como computador, calhou-me um calhambeque de 2001. Aquilo não anda, arrasta-se. Mas enquanto as minhas guerras forem mail, word e excel, chega pro gasto.
O marreta já tava a esticar a cana a dizer que podia usar o meu Vaio, mas eu já o mandei pastar, que andar com 4 kilos às costas pra trás e para a frente não piada nenhuma. "Ah e tal, pq és jovem...." diz ele. Eu não me sinto a Madre Teresa de Calcutá,e quando começar a usar as aplicações pesadas logo se vê onde é que vamos parar. Mas amanhã sai um mail para o chefe a dizer que por enquanto chega, mas que a meio do projecto, e com prazos apertados, andar a resolver problemas de hardware é capaz de ser má politica. Já deu para ver que aqui eles são forretas no hardware, sobretudo para os consultores. Tanto que a maior parte dos meus colegas tem o próprio portátil. Assim, não se chateiam.

O ambiente na Laranja Electrónica é super descontraído, tipo faculdade. Jeans e t-shirts em todo o lado. Nem os bosses nem os consultores andam vestidos à pinguim. Há brutais máquinas de café, à pala, com capuccino, café, chocolate... Na cave há um restaurante próprio da Orange, onde dá pra comprar o kit-sandocha, o prato do dia, saladas, frutas, sopas. Não é caro, mas também não é dado. Uma cola, um kit sandocha, uma (mini-)salada, por quase 5 euros. O kit-sandocha requer uma breve ilustração: ha cestos com todos os tipos de pão. Depois passamos a uma vitrine refrigerada onde há os ingredientes pra meter lá pra dentro: fatias de todo o tipo de queijo embaladas individualmente, doses individuais de paté tipo alemão, panados, etc... Depois, na mesa, monta-se aquilo tudo alegremente como se tivessemos na cozinha lá de casa.
Obviamente, fui almoçar com os colegas portugueses que me têm mostrado os cantos à casa, e que ao tuga acabado de chegar da provincia como funcionam os meandros do kit-sandocha. Eu sei ler o que lá tá, mas eles é que sabem o que fazer com aquilo tudo. Sozinho? Ainda hoje lá tava.... :-) Horário do restaurante: das 11h30 às 13h30. Incha, portuga. Ainda não percebi se aquilo é almoço ou pequeno-almoço. Horário mental dos holandes para almoço: do meio-dia ao meio-dia....e vinte. Pois, não é gralha é mesmo almoço-lusco-fusco para eles. Uma mera formalidade. Claro que o clã tuga leva a sua latinidade avante, e HORA de almoço é HORA de almoço. Hora de kit-sandocha neste caso. Porque nem mesmo o meu colega Falcão demora uma hora a comer uma sandocha, há que fazer algo no tempo restante. Numa sala ao lado do restaurante, existem para uso gratuito do pessoal, 2 mesas de matrecos e uma de ping-pong. Se aquilo fosse na FCT, era a guerra civil naquela sala. Curiosamente, só nós é que lá tavamos. Estes holandeses definitivamente não têm a mesma maneira de viver que nós. Bom, se não joguei matrecos enquanto tava na faculdade, tinha de jogar um dia... Estava escrito. O resto do ritual é o café no segundo andar, embora nós estejamos no primeiro, porque é lá que fica a sala de fumo. E, entre nós, há uns quantos viciados. Simpáticos, os laranjinhas, fizeram uma sala de fumo que dá para um terraço. A parte de ter terraço tudo bem, sobretudo quando não chove, mas a sala propriamente dita parece uma sala de chuto do casal ventoso. Deve ser a única sala de toda a Orange que tem um aspecto menos limpo. Menos limpo? Seboso! Até o quartel de Porto-Santo, uma pocilga, tinha melhor aspecto que aquilo.
Depois lá voltamos ao trabalho. Ligar-me à rede, esperar pelos emails, etc... Dia da praxe. Stresses? So com o escritório de Lisboa, porque aqui tudo anda sobre rodinhas. Bom, o Marreta podia ser menos bronco, e perceber mais daquilo, mas afinal daqui a uns dias deixo de precisar dele. A ver vamos, como diria o ceguinho...