terça-feira, 26 de setembro de 2006

Voltinha pelas redondezas

O dia começa bem... As 10h da manhã entra-me um gajo porta dentro com uma chave de parafusos na mão. Olha pra mim, assusta-se, pede imensas desculpas em holandês, e sai. Vou ver quem era o senhor (que pela barba e idade, vestido de vermelho seria o pai natal)... Afinal era o funcionário da manutenção do hotel, que vinha trocar as pilhas da fechadura; sim, porque os leitores de cartões magnéticos não vivem do ar. Lá lhe disse para começar a falar inglês, e depois para acabar de trocar as pilhas da fechadura. 5 minutos depois, ele vai-se embora,e eu pronto para continuar a roncar. Era bom... Volta a bater à porta, o pai natal das pilhas, entra de novo intempestivamente no quarto, mete-se à procura de alguma coisa no chão, encontra uma chave sextavada do tamanho de um palito, volta a pedir imensas desculpas numa lingua estranha, e torna a evaporar. Mal deu tempo pra bocejar, quanto mais abrir a pestana...

Quando finalmente acabei a minha ronda de sono, decidi ir dar uma voltinha pelas redondezas. Agarrei no meu fiel companheiro - vulgo GPS- e atiro-me à estrada. Direcção: praia.
E não é que isto tem praia mesmo? Com areia, mar, ondas, e esplanadas? Aliás, deviam agarrar nisto e fazer um exemplo sobre como aproveitar muitas zonas da Caparica. Como era inicio da tarde, só havia velhotes a passear. E -finalmente- o primeiro contacto com a Holanda profunda: duas truckdrivers de meia idade e tamanho XL, a passear de mão por entre os normais casalinhos de velhotes a passear os cães a pilhas. Em situações normais, isto faria perder a fome a qualquer normal portuga, mas neste caso a fome era mais que muita, que isto de viajar puxa pelo cabedal e lá me dirigi para o BurgerKing à beira-mar plantado. Tudo normal, Whooper é Whooper, excepto o molho da salada que ao sair da caixinha era um cubo de gelatina. Que raio de molho de salada.

Enchido o bandulho, que roncava há horas, fui dar uma volta pelo resto do centro, e procura um supermercado, para comprar alguma comida e água para ter no apartamento. Encontrei um esboço de centro comercial, com um minimercado lá dentro. Pobreza franciscana, para quem anda habituado às infraestruturas da Sonae. Lá meti eu 3 garrafas de água debaixo do braço, 1 de cherry coke e outra de vanilla coke. Para quem já me conhece, sabe que eu experimento tudo o que é exotico. Coisa estranha: os iogurtes aqui são carissimos. Isto não é suposto ser uma terra de vaquinhas e ervinhas? Como é que um iogurte grande da Danone custa quase 5 euros?

E lá continuei a minha volta pela cidade. Bicicletas aos montes, de todas as marcas, modelos e feitios. Com mais ou menos ferrugem, pedais prá frente, com cestos, buzinas... Em matéria de bicicletas, isto é o circo! Cúmulo dos cúmulos, até vi um estacionamento privativo para bicicletas, com tarifa diária e vigilante! E agora, pergunto eu, para quando o estacionamento subterraneo para bicicletas? :-)

Isto de facto não é lingua de gente. Com alguns anos de alemão em cima, é trivial para mim ler o holandês... mas perceber o q eles dizem? Pior que açoreano... Eu nem consegui ainda descobrir como é que dizem "bom dia" ou "olá", nem o vulgar "adeus e obrigado". Ainda por cima eu devo ter cara de holandês porque eu ande aqui aos paus com cara de turista, e GPS na mão, insistem todos em falar holandês a 100 à hora comigo. Depois de alguns segundos de cara de parvo, eu lá peço para trocarem o chip para inglês, e tudo rola normalmente. Facto é, que aqui toda a gente fala inglês, do merceeiro ao padeiro, e sem falhas. O inglês é mesmo uma segunda lingua para esta gente. E julgava eu que alemão era dificil de aprender.... Agora calhou-me na rifa alemão-com-sotaque-açoreano.
Mas isto deve ser karma deste dias. Ao ser revistado no aeroporto da portela, ontem, até o PSP falou comigo em inglês. Humm... Será que fiquei com cara de holandês com tanto fumo de charro que apanhei na ultima vez que fui ao Bairro Alto?