sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Der Pater

Quinta-feira, dia de compras. Era suposto ir a Scheveningen ver um espectáculo de luz e cor e efeitos especiais -desta vez, um mesmo a serio- mas à ultima da hora ficou tudo em águas de bacalhau, porque quem ia já lá estava quando me avisou. Eu ainda estava no centro, depois das compras, e sem jantar, pelo que ter de pedalar 10 minutos e chegar atrasado e esganado de fome não uma perspectiva muito agradável. Então liguei aos outros renegados, jantámos pelo centro e fomos, como de costume, beber um copo ao Grote Markt. Ainda tive tempo para ir de tram a casa, largar a mochila com o PC, e as compras, meter uma tshirt seca, e voltar pra guerra do copo. No já costumeiro Zwarte Ruiter, re-encontrei os outros tugas, aos quais se juntou outro portuga que eu ainda não conhecia. Ele tinha trabalhado na Orange, e estava agora na T-Mobile NL. Ao contrário de nós, era engenheiro de rádio, e já cá estava a viver há algum tempo. Boa onda, bebeu uns canecos connosco, e depois convenceu-nos a ir a um bar chamado Der Pater. No Grote Markt, estava tudo a abarrotar de pessoal mais novo, que esta semana eram férias escolares, e Quinta-feira é tipicamente Noite do Estudante. Ainda deu pra ver um magote de raparigas de todos os tamanhos feitios e cores, e uma ternurenta cena de adolescentes em que uma rapariga timidamente roubava de raspão um beijinho ...a outra rapariga. Mas porque é que eu ainda reparo? Isto é a Holanda!

A caminho do El Pater, ficou provado que o novo elemento do nosso grupo só podia ser boa onda: faz-se deslocar em Orange Beach Cruiser. E sem efeito ambulancia, como a minha! A coisa ficou mais estranha quando começamos a entrar pelas ruas de vielas de Haia profunda. Finalmente, numa rua onde não cabia um carro nem de lado, ficamos à porta de um bar com aspecto de taberna. "Ah e tal, é fixe...Se não gostarem, bebem um a cerveja e vamos a outro lado!" disse o nosso cicerone. Bom, aqui vai disto. Lá dentro, fumo e paredes escuras. Os clientes (também conhecidos como bêbados e emborcadores de cerveja) eram pouco loiros. Lá dentro, é que nos explicou que por ali paravam muito espanhóis e latinos em geral. De facto, os linguajares latinos começavam a tornar-se nitidos, assim como feições familiares. A música -coisa estranha para um bar com decoração de taberna medieval- era cubana. Muita salsa. Dos poucos elementos nativos presentes, ou seja, Holandeses, deu para perceber que eles não têm 2 pés esquerdos como a maioria dos portugueses, nos quais eu me incluo: têm 3. São de facto pé de chumbo. A banda era bastante boa, sobretudo porque tinha um grande numero de cubanos. Apenas um loiro grande tocava uma corneta com teclado de piano, e o tipo da percussão também parecia aqui da zona. De resto, salsa com fartura!
Do outro lado da sala, uma loirinha apontou para nós. Dado o nosso aspecto de aliens, nada de anormal. Bom, ali os aliens eram elas. O Miguel comentou que tambem a conhecia de qualquer lado. E ficaram todos a olhar uns para os outros durante largos minutos. Um de nós, encheu-se de coragem, ou de cerveja, e foi lá: "olha lá...este meu amigo meu diz que te conhece. E tu? Conheces o gajo? Sim, trabalhamos juntos..." E pronto, tava quebrado o gelo, embora com aquilo que seriam considerado normalmente uma clássica frase de engate à trolha... Eles, de facto, tinham trabalhado no mesmo sitio e já se conheciam de vista. Seguiu-se a apresentação dos grupos... Elas faziam um par sui-generis: uma, a loira chamada Eva, podia ser sueca. A outra, Aaronette, preta com rastas (ou corn-rows, mais precisamente) tinha um penteado e uma cara que a poderiam facilmente colocar no final "O Predador". Eu perguntei se eram holandesas..."Ah sim, absolutamente. Do mais holandês que há." Claro, como é que eu não percebi isso logo à primeira. Depois de umas largas cervejas (Bitter Lemons no meu caso) lá fomos nós para casa. Desta vez, trouxe a bicicleta, portanto não houve o filme do NachtBus/troco/taxi. Foi agarrar na OrangeMobile e zarpar noite fora pelo meio dos bosques a caminho de casa. Como previsto, a OBC foi afinada Manuel-style, e estava um palmo mais alta. A caminho de casa, ainda passei pela shell e enchi os pneus que tavam meio vazios. Ainda faz um chinfrim de acordar mortos, mas eu suo metade com a nova afinação, e ando ao dobro da velocidade. Bom, agora qd travo, sou obrigado a saltar do selim, mas é uma questão de hábito. Se não houver chuva, andar de biclar é de facto muito eficaz. Debiam implementar isto no deserto do Sahara.