quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Mais tugas

Ontem fui jantar com outro grupo de tugas aqui de Haia. Conheci um deles, nome de codigo Jinx, no forum de bodybuilding que costumo visitar, o www.bodybuilding-pt.com . Acasos do destino, viemos os dois parar a Haia; melhor ainda, moramos os dois em Scheveningen, a Cascais cá do sitio. Go figure. Jinx e sus muchachos estão cá há bem mais tempo, a trabalhar para a Siemens. O nivel de vida deles é bem superior ao pessoal da LaranjaElectronica, quanto mais não seja porque lhes dão carro. Os carros aqui na Holanda são tão caros como em Portugal, portanto a Siemens aluga-lhes um carro diferente a cada dois meses....vindo da Alemanha. Mas tambem, diga-se em abono da verdade, eles devem dar bem mais o litro que o pessoal da LaranjaElectrónica. Lá nos encontramos junto ao Kurhaus, o rossio em versão Scheveningen, e fomos ao Santos, o restaurante argentino. Deixamos lá 30 euros, mas -caneco- comemos um belo de um bife. Coisa rara por estas bandas. Encontrar comida digna desse nome na Holanda é uma proeza. E quando se encontra é sem duvida, estrangeira. Com a carteira bem mais leve, mas com a barriga bem mais aconchegada, demos um salto até a uma coffeeshop, onde um dos elementos aproveito para recarregar a "cartucheira". Aproveitei para dar uma vista de olhos ao menu; nada de especial. Metade já eu tinha cultivado, a outra, já conhecia. Tenho de ir a sitios mais hardcore para ver se vejo alguma especie mais exótica.
Depois vim para casa, onde continuo a minha demanda por um aquecimento que aqueça, e um frigorifico que arrefeça, o que me obriga a aquecer o meu estudio cozinha-sala-quarto a golpes de forno. Forno? Sim, aquilo que geralmente o comum dos solteiros usa para cozer as pizzas congeladas. Como se usa para aquecer uma casa? Simples, abre-se a porta, e deixa-se aquilo liga a 30 caroços. Para todos os efeitos, aquilo são 2 resistencias electricas a debitar 2000W de calor. Ok, nem tudo são rosas porque fica no ar um subtil cheiro aos cozinhados esturricados do locatário anterior, mas ao menos isto aquece.
Durante o dia bem tento ligar para o senhorio que não fala, ou finge que não fala, um inglês decente. As conversas ao telefone deviam ser gravadas. Mas já o apanho à esquina. Se isto não desempanca depressa fica a ver navios com a guita do apartamento. Então a porta faz um barulho de turbina de avião, e ele tem o desplante de dizer que a culpa é do prédio? Como tou desde o fds passado sem duche quente em casa, comecei à procura de opções. Como vou bastante ao ginásio, não tem havido crise. Ainda assim, descobri hoje que a Orange tem nas catacumbas uma casa de banho com um duche. Ouro sobre azul! Assim excuso de ir para o ginásio às 7 da matola, feito holandêsrastejante, e tomo banho depois de dar -literalemente- ao pedal.
Por falar em pedal, há que mencionar que a ida matinal para a LaranjaElectrónica é de facto magnifica, ao longo de um parque com um canal, patinhos, etc... E sem carros, com o sol a nascer de frente. Se eu não tivesse de pedalar e se a OrangeBeachCruiser não fizesse o chinfrim costumeiro, seria perfeito. Ainda hei de filmar o passeio e postar por aqui. Ou melhor, no YouTube, que é agora o site da moda. Esta manhã fiz um pequeno desvio para ir aos correios, que ficam mesmo ao lado do Liceu Francês da Holanda, para levantar uma carta que me enviaram de Portugal com papelada. 2 senhoras à minha frente, uma delas com um andarilho com aquilo que a OrangeBeachCruiser não tem: travões! Eu era o 20, e quando o 19 piscou no painel, a sair correu -ou melhor, rolou- até ao balcão onde para minha raiva e angustia usou das manetes de travão. Só para me fazer pirraça concerteza! Não seria concerteza um embate a 0,5km/hora que ia fazer mal à osteoporose da mumia! Com a carta debaixo do braço, mais outra cena surreal, que só pode acontecer neste pais pedalante. As 9 da matina, passa-me à frente um caramelo descalço, de bicicleta, e com uma prancha debaixo do braço. Não percebi se ele tava vestido de preto, ou se era o fato de neoprene, porque os olhos estavão cheios de agua por causa do frio e da deslocação de ar. Ah...e por causa dos ciumes dos travões da velha dos correios!

Depois da LaranjaElectrónica, foi dia de aula de squish-squash. Conhecemos a Elly, uma quarentona raquitica, feia como tudo, que seria a nossa professora da aula grátis. Eramos 3. Eu e o Pedro, o nosso cromo tuga do squash, e um holandês que falava forte e feio espanhol porque tinha vivido 8 anos em Madrid. Eu era o unico maçarro de serviço e fartei-me de encher. A prof podia ser raquitica e feia, mas dava-nos uma coça de olhos fechados. Bom, viemos a ver mais tarde nos flyers do squash, que tinha sido campeã americana 2 vezes, era numero 24 do ranking mundial, e treinadora da selecção holandesa. Pois, portanto imaginem o que a mulher não joga.
À saida do ginásio estavam lá outro grupo de tugas para se inscrever, e depois das formalidades (vulgo pagamento) tratadas, fomos jantar ao Mac, onde se iniciou uma longa conversa sobre calorias, gorduras, panados e afins. De seguida, fomos para o Plein - o primo do Grote Markt- em busca de um bar que teria jazz ao vivo. E assim o encontrámos. O jazz não valia um chavo, mas tivemos na converseta, e o café até era bastante aceitável.
A caminho do plein experimentei a OrangeBeachCruiser do Manel, que acabou de sair da oficina: um luxo! Não tem efeito ambulancia integrado, portanto ninguem olha para mim quando passo. Algo se passa na transmissão da minha OBC que esta não obriga nem a metade do esforço para pôr a rolar. E por fim, ele tem aquilo um palmo mais alto que a minha, o que tambem parece fazer muito mais sentido a nivel de esforço. Amanhã meto a OBC na oficina!