quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Dia de compras & Dia de copos

Quinta-feira, dia de encher a casa. Como neste fds ia a casa, aproveitei para comprar tralhas que não há lá por pt. Estive no centro a vaguear pelas lojas e drogarias, supermercado e lojas de telemoveis. Numa Phone House, comecei a falar com um empregado por causa de um modelo de telemóvel novo que eles lá tinham. Ainda não tinham passado 30 segundos, já me estava a dizer onde desbloquear os telemóveis: numa lojinha ao pé de HollandSpoor, a estação de comboio. Pelos vistos, tudo aqui revolve em volta de HollandSpoor. Tá visto que na próxima semana, lá vou eu experimentar os Lellos da Purificação do desbloqueio de telemóveis.
Continuando nas voltinhas, entrei numa loja de acessórios de carros e bicicletas. Caneco! Nunca tinha visto tanto acessório de bicicleta junto! Cadeiras, cadeados, capas, guarda-lamas,reflectores... Acessorios para carros? 2 ou 3, perdido aqui e ali. E nada mais digno de nota que uns GPS acabados de sair. O mais giro disto tudo é que as bicicletas, pelo menos para o tuga comum, não passam de umas pasteleiras a cair de podres, altas como girafas. Fiquei de tal maneira estupefacto, que me esqueci de comprar uma campainha nova para a Orange Beach Cruiser. Portanto, continuo mudo.
A caminho do centro, parou um carro junto ao passeio, com um casal lá dentro. Ela meteu a cabeça de fora, e pediu indicações, em inglês: "Olhe, desculpe, onde que fica o Spui?" O Spui é uma zona junto ao centro, que tem um teatro e uma zona cultural, perto do sitio da aventura do restaurante chinês. Eu, o já-cromo-de-Haia-com-GPS, respondi nas calmas:"Ah...isso é já ali à frente e à esquerda! Continue nesta rua, não tem que enganar!"
-Muito obrigado... -disse ela.- E já agora, ondé que são as putas?" Eu devo ter ficado vermelho,roxo, às pintinhas azul-esverdeadas, às riscas... Não me desmanchei, tanto quanto possivel a uma senhora da 3ª idade durante um afrontamento, e lá disse que isso era prá esquerda, mais perto do rio. E que em frente havia uma casa de livros de quadradinhos, como ponto de referência. Ela lá agradeceu de novo, e arrancaram. Quando se afastaram, reparei que a matricula do carro era belga. Já o Obélix dizia, e pelos vistos com razão: "Estes belgas são loucos!" E lá fiquei com calor durante as 3 horas seguintes. Cair da noite em Haia e eu a passear alegremente de T-shirt a ver montras.
Antes de apanhar o tram para casa, passei pelo Alfred Heijns para encher a despensa. Trouxe água -com POUCO gás- 3 ou 4 tipos diferentes de bolachas, e leite. Sim, leite e não pudim, que desta vez não trouxe o pacote que dizia "vla" e sim o que dizia "melk", e tive o cuidado de chocalhar para ver se o barulho batia certo com o conteudo. De facto, isto é o pais dos bolos e biscoitos. Qualquer supermercado de esquina tem 30 tipos diferentes de bolos e biscoitos...frescos. Mais as tralhas tradicionais bugigangas da Dan Cake e respectivos bollycaos. Que aqui ninguem toca, a menos que tenha 4 anos, e queira o autocolante que lá vem dentro.
Enchi a mochila com as compras, fiquei tipo caracol marreco, e fui largar a tralha a casa.
Assim que cheguei, recebi uma mensagem dos outros tugas a dizer que estavam no Grote Mart. Troquei de t-shirt, que a outra tava ensopada, por causa dos afrontamentos e das compras, e lá voltei eu para a cidade. Dia de esplanada, porque não estava a chover. Um dos Tugas pôs-se a oferecer cervejas ao bêbado-louco-desdentado de serviço do Grote Mart, que se pôs a venerá-lo como o Dalai Lama. Na direcção inversa, comecaram a passar raparigas invulgarmente bem arranjadas para a zona. Mais 3 ou 4 rodadas depois, já os tugas estavam alegres como o bêbado. A diferença estava nos dentes. Meia-noite, hora do recolher obrigatório. A Ana Chucha (Sim, é mesmo o nome dela) decidiu regressar à base, e os rapazes decidiram investigar o spot que estava a recolher faz 2 horas a maior colecção de saltos altos que eu vi nas ultimas 2 semanas. À entrada, entrou o Manel, sem espiga, e barraram um dos nossos elementos, mesmo à minha frente, porque ele tinha mochila. Perguntaram se estavamos todos juntos, pediram para ver o conteudo da mochila, e depois o segurança virou-se para mim e perguntou "ele tá bêbado?" Esta terra é mesmo uma caixinha de surpresas. E depois lá entrámos todos.
Lá dentro, estavam concentrados os 5 continentes. Se entrar aqui a Odete Santos de braço dado com o Paulo Pires ninguem nota. Se entrar o Antonio (mesmo) Feio com a Merche Romero, também não passa de um banal casal. Blacks-do-ghetto, misturados com Claudias Schiffer, é o prato do dia. Em todas as variaçoes possiveis. Vi Indianos, sul-americanos, asiaticos, africanos... A musica ia dos vulgares de hiphop a alguma música de dança mais interessante. Calor e fumo, qb. E eu já me tinha refeito do susto/afrontamento, mas em meia hora tinha a tshirt de novo ensopada. Tava eu com os outros tugas no meio da pista, agarrados aos copos -de agua, no meu caso- quando algo fofo passa pelos meus ombros. Olho pelo canto do olho, e vejo um decote! Ora bem, se eu tenho 1,83m, imaginem o que é um par de mamas ao nível dos meus ombros. Claro que a 40 cms de toda esta cena estava um casal de indianas com pilhas duracell, que dancaram toda a noite, embora nao tivessem mais que metro-e-meio.
Ao contrário de Portugal, sejam bonitas ou feias, as raparigas são altamente abordáveis, não havendo até agora sinais de narizes empinados. Um dos nossos elementos acercou-se de uma jovem bem apessoada (de ladrar, portanto), perguntou-lhe o nome, e pelos padrões portugueses estava tudo a correr sobre rodinhas. A meio da conversa sai a frase: "mas olha, eu não tou interessada em ti..." Ok, enfia a viola no saco, beijinhos e abraços até à próxima. "Sans haine, sans violence et sans armes". Há umas quantas miúdas em Portugal que valem um terço do que estas valem, que podiam vir cá fazer um estágio e aprender umas coisas. Sobretudo, como ser socialmente agradáveis e bem educadas. Estava a apreciar o zoo, quando à minha frente passa um copo meio amarelo, meio vermelho. Por reflexo, virei-me para a miúda que o trazia na mão, toquei-lhei no ombro e perguntei, directo: "olha, o que estás a beber? Safari." respondeu ela, nas calmas. Okm nada de assim tão incomum. Aquilo fazia era um efeito giro no copo. Quando começo a olhar para a miúda, apercebo-me de facto do avião que era, meio chinesa, e pronto... começou o modo Taborda-no-seu-melhor, à beira de outro afrontamento. Provavelmente, fiquei com a expressão corporal do menino tonecas, e devo ter começado a gaguejar para dentro. Excusado será dizer que a conversa ficou por ali, e a miúda e o seu safari continuaram o seu caminho.
Por volta das 3 da matina, decidimos bater em retirada. Toda a gente trouxe as biclas, e eu tinha vindo de tram, portanto, fui apanhar o NachtBus. Encontrar a paragem foi uma tourada, porque não estava assinalada. Quando encontrei, porque o dito autocarro chegou, saiu de lá o motorista, empurrou me para fora do veiculo, e disse alguma coisa em holandês. Quando eu perguntei em inglês, ele disse alguma coisa em holandês tipo "Não falas holandês? Azar!" Deve ter aprendido a trabalhar na carris, este simpático! E pronto, lá fiquei eu vinte minutos à espera. Quando ele voltou, eu entrei, e tentei comprar o bilhete de 3 euros com uma nota de 50. Ele vociferou que não tinha troco e mandou-me à praça de taxis trocar a nota. Lá fui eu. Ao 7º táxi, láapanhei um mais simpático, que me trocou a nota. Quando me viro, o $#%#$%# do motorista da carris tinha arrancado sem mim. E lá ficou o belo do portuga apeado.
Lá tive eu de apanhar o táxi. Conversa puxa conversa, e afinal este táxista era o dono de uma companhia de táxis, e deu-me o contacto pessoal dele, e disse que me fazia um preço porreiro para ir directamento ao aeroporto quando fosse preciso. Basicamente, metade do que eu já tinha pago anteriormente.
Afinal, a noite não foi perdida...