segunda-feira, 2 de outubro de 2006

FDS mirabolante

Cheguei a Schiphol, por volta das 4h da manhã... para um vôo das 7h. Como estava com a tal mochila às costas que depois de um dia de trabalho e uma noite em Amsterdão parece um menir do Obélix às costas de quem não tomou poção mágica. Toca de fazer check-in e ir bater uma soneca. O vôo era da Lufthansa, e a zona do check-in era partilhada pela SAS e pela British Midlands. As 4h40 da manhã já estava uma fila grande. Nada de especial....se ao menos andasse. Para chegar ao balcão, demorei 2 horas. Quando chego, a menina diz-me que não estou no sistema. Então eu todo sorridente, saco do print out que me tinham mandado da empresa, com código de reserva e tudo. "Pois, mas este bilhete ainda não foi emitido, tem de ir ao balcão dos bilhetes da Lufthansa para eles o emitirem." Porra, 2 horas de pé, e depois isto?? E lá fui eu a rogar pragas para o balcão da Lufthansa, onde uma jarreta de 100 anos já com raizes das toneladas de base que tinha na cara me disse que "tinha reserva, mas não tinha bilhete porque não tinha pago ainda". E eu saco de novo do print-out, que lá tinha o preço chapado e tudo. "Pois, mas o pagamento não foi feito.". E a unica maneira de embarcar é pagar o bilhete. Depois de rogar pragas a toda a empresa, em particular à minha chefe portuguesa que tinha resolvida tratar pessoalmente da questão, saco do meu cartão. Não passa. Não passa??? Pois... Ah tábem...não há crise, que eu tenho mais uns dez. Pois, mas todos Visa Electron. Como são cartões de débito, não passam nas companhinas aéreas, por alguma razão desconhecida. E a senhora da Lufthansa "não há dinheirinho, não há bilhetinho". E eu já a deitar fumo pela orelhas, a 20 minutos do meu vôo. Para cumulo, teve um ataque de paternalismo e disse-me "^Nunca viu um cartão de crédito? Eu mostro-lhe um dos meus!" Aí que eu comecei a ver tudo vermelho, e só tive de não ter um cartão do RaboBank (um dos maiores bancos da Holanda, para quem não sabe) ...para lhe dar o uso devido, claro.
Ainda fui ao piso de baixo, tenta sacar a massa das caixas Multibanco, mas nenhuma delas deixa sacar tanta massa de uma só vez. E lá se foi o meu vôo. Apeado em Schiphol, podre de cansaço, fui ver dos próximos vôos para Lisboa. Só ao meio-dia e meia. KLM estava esgotada, só sobrava a TAP. 550 euros o bilhete de ida-e-volta. Incha. Lá voltei eu ao piso das caixas multibanco, andar a colecionar notas de caixa em caixa, até chegar ao dito valor. E depois lá voltei eu ao balcão da TAP com um molho de notas, tipo Lello da Purificação, comprar o meu bilhetinho. Como a senhora foi simpática, e eu não tinha bagagem de porão, deu-me directamente o cartão de embarque. Passei rapidamente pelo restaurante -sim, porque afinal só tinha de esperar mais 5 horas- para comer uma tarte de maçã com cajus e um capuccino, enquanto o sol nascia, e arranquei para o terminal 2. Encontrei a minha porta de embarquei, descobri qual era o spot em que conseguia dormir: havia uma mesinha entre 2 cadeiras, que dava espaço para uma pessoa cair para o lado sem fazer contorcionismos por debaixo dos braços das cadeiras. Com a mochila a fazer de almofada, o telemóvel com o despertador ligado para a hora de embarque, comecei a dar violentamente ao serrote. Não sei se alguém reparou, ou se a segurança foi chamada, mas foi uma grande soneca. Hora do embarque, tudo a horas. Dentro do avião, voltei a calçar as sapatilhas para dormir depressa. E aqui fui para Lisboa. Na portela, foi directo para casa, onde a minha fiel caminha de todas as horas me esperava, para o ultimo acto desta soneca tripartida.
Ao fim da tarde, lá me levantei, tomei banho e fui para a despedida de solteiro da minha amiga Sofia. Sui Generis, como a própria. Pela primeira vez, fui a uma despedida de solteiro em que ambos os noivos estavam presentes, e não houve brasileiras a saltar do bolo nem a dançar em cima do noivo podre de bêbado. Uma casa alugada na Aroeira, onde se enfiou tudo o que era amigos, com jantar de grelhados. No dia a seguir, o almoço da ressaca foi massa de frango, salteada com alho. Ao fim de Domingo, lá voltamos nós à nossa vidinha, com mais umas histórias para contar ao netos.