segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Começo de semana em grande

Primeiro regresso operacional à Holanda: apanhar o vôo das 7h45 da TAP. Aterrar em Amsterdão Às 11h, e ir directo para a LaranjaElectrónica. Yeah, right. Para além de ter de me levantar super-cedo, e acartar com um malão do tipo caixão, tava a chover a potes. Check-in, aventura 1: embora tenha chegado a horas, a fila do check-in era de meio-kilometro. Fui repescado por um caramelo de walkie-talkie na mão, e despachado para uma menina que teve de ligar para o supervisor para reabrir o vôo e conseguir registar a minha mala. Depois, na porta de embarque descobri que o vôo ia atrasar. Grande sorte a minha, em vez de embarcarmos por manga, fomos de autocarro. Mais valia ter ido de piroga, que ia dar o mesmo resultado. Até o autocarro era uma miniatura, e iamos todos lá dentro apinhados. Já dentro do avião, percebi que aquilo ia ser uma sessão intensiva de dar ao serrote. Como não me é dificil adormecer, ainda não tinhamos descolado, e já estava em plena actividade roncante. Mas concerteza que era eu e mais metade do avião, porque quando as meninas começaram a distribuir a paparoca, tava tudo a bocejar e a espreguiçar-se. Agora a TAP varre o pessoal todo a sandes, portanto aquilo evapora em 30 segundos. De seguida, nova sessão de serrote. Aterrámos em Schiphol ao meio-dia, uma hora depois do esperado. Lá fui eu para a recepção das malas. Check-out, aventura 2. Tava eu a aproximar-me do tapete rolante que me tinha calado na rifa e estava a ver uma mala toda desfeita. Quando me aproximei, claro, tinha de ser a minha. A mala tinha rebentado pelo fecho-éclair. Por sorte, tava ensopada, mas não parecia que tivesse saltado nada cá para fora. Lá vou eu buscar um carrinho, coloco o destroço em cima dele, e toca de ir à procura do balcão das reclamações…que fica do outro lado do terminal. Amena conversa em inglês com a menina do parceiro do handling da TAP, que fez questão de vir o destroço pessoalmente. Depois, deu-me um papelinho com um número, que dizia que “SIM, ESTÁ CONFIRMADO QUE A SUA MALA RIBENTOU E FICOU FEITA NUM MOLHO DE BRÓCULOS”, e disse para eu escrever uma carta quando chegasse a pt. Grande ajuda. Eu –estúpido- ainda perguntei onde é que podia comprar um rolo de fita-cola para fazer de McGyver. Ela respondeu tipo brasileira: “ai…não sei…”. Vim cá fora, e toca a começar a aula de bricolage: arranjo um canto sossegado do terminal de desembarque, e ponho-me aos saltos em cima da Samsonite azul, até ela recuperar a forma e o volume habitual. Com a dita cuja em formato aceitável, toca de repôr centimetro a centimetro, o fecho-eclair. Ainda por cima, tinha cortado as unhas no dia anterior, e portanto, a tarefa não foi nada fácil. Mas o Poder do Engenheiro é tremendo, e meia-hora e um litro de suor depois, a mala estava de novo fechada, pronta para ir até Haia, sem deixar pelo caminho os meus boxers.
E recomeça a guerra: apanhar o comboio. Com o stress todo, arranjei uma combinação de combóios e patamares errados, que cheguei lá na altura certa, através de 3 combóios diferentes. A pingar suor obviamente. Num dos 3 combóios, havia uma menina com botas de licra e saltos altos, com uma bicicleta dobrável do tamanho de uma garrafão de 5 litros. A minha tralha ao lado daquilo fez-me parecer um caracol em mudanças. Ela desceu na mesma estação que eu, e o garrafão deu lugar a um bicicleta de tamanho normal, ainda não percebi muito bem como. Mas vou investigar. Já em Haia, foi apanhar o tram até à Laranja electrónica. E só nessa altura reparei que ao contrário de Portugal, aqui tava um sol radioso, e um lindo dia de outono.

Chegada à LaranjaElectrónica

Obviamente, não pode haver uma chegada normal à Orange. Simplesmente não acontece. E hoje não foi excepção. Eu pensava que seria hoje muito mais pacifico, porque não só não ia chegar em hora de ponta, como ainda por cima o stress não me iria deixar ver nada de anormal, nem que na famosa passadeira me cruzasse com um elefante cor-de-rosa, a caminho de um disco voador. Burro…quem é que me manda pensar? Já devia saber que não se pode menosprezar o poder educativo daquela passadeira de peões. Quando ia a atravessar, vejo o impossível: o alegre proprietário de um Porsche 911 (vulgo Carrera) descapotável, embasbacado a olhar para o carro que estava ao lado. Heresia, toda a gente sabe que quem tem um carro daqueles é o alvo de todos mirones das redondezas, o rei do asfalto daquele quarteirão. Pois, este teve azar. Ao lado, parou um Mustang americano, cujo tamanho fazia o Porsche parecer um Citroën 2CV. Pode ser um charuto, mas não há duvida que o carro é imponente. E dono do Porsche, com o pescoço todo torto –concerteza pelo peso do meão que tinha levado- a olhar de lado. Depois do evento da passadeira do dia, lá cheguei à LaranjaElectrónica, a pingar suor, às 13h45, e a caminho de ter uma reunião com um caramelo chamado Rakesh às 14h. Almoço? Esquece lá isso…